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Metaverso

Fabio Brazza

LetraSignificado

    O futuro não é um desenho dos Jetsons
    Os novos Thomas Edisons
    Querem dominar o mundo através dos seus headphones
    Vocês estão preocupados com as ações da Dow Jones
    Escuta meus sons
    Eu tô tão à frente que até o Elon Musk quis comprar minha mente
    É sério bro, querem congelar meu cérebro
    Olha o Brazza com o mic na mão
    Irmão, é tão incredible
    Quando eu rimo eu assino um cheque sem fundo
    Sem precisar de money
    Me sinto agora o homem mais rico do mundo
    E eu pergunto: Vocês precisam assinar quantos cheques?
    Pra sentir o que eu sinto toda vez que eu canto meus raps
    Space X quer achar vida em outro planeta
    Duvido achar mais vida que essas que eu botei na minha letra
    Eu sinto que alguém me vigia (quem?)
    Eu sinto que alguém me controla
    Com o telefone no bolso tem um espião na minha cola
    Seria FBI ou CIA?
    Eles querem que eu compre em dólar
    Mas se eu ganhasse numa loteria
    Eu faria o mesmo que faço agora
    Então pergunta lá pro Mark Zuckerberg
    Quem é que vigia os mendigos que estão na rua sem albergue?
    Indigentes dos dados não servem pra dar lucro pro sistema
    E nem no Google Street Views tem quem os enxergue
    Não quero meus pés na calçada da fama
    Enquanto houver os pés descalços na calçada da fome
    São Paulo seus prédios são lindos
    Mas enquanto tiver gente dormindo na rua
    O hip-hop não dorme

    Viva o progresso!
    Onde a realidade é tão sórdida
    Que a felicidade é viver no Metaverso
    Ainda bem que eu tenho a caneta e o verso
    E o sonho e ter a senha de acesso
    Viva o progresso!
    Onde a realidade é tão sórdida
    Que a felicidade é viver no Metaverso
    Ainda bem que eu tenho a caneta e o verso
    E o sonho e ter a senha de acesso

    Nem sempre minhas palavras agradam
    Às vezes agridem e quando colidem matam
    Veias dilatam
    Os pulsos palpitam
    Expulso meus demônios
    E escuto quando os neurônios gritam
    Meu cérebro cria sinapses
    Minha mente cria sinopses
    E as minhas ideias atingem ápices
    Pensamento se eleva como Acrópoles
    Eu escrevo a realidade de lápis
    Não em lápides
    Fui lá pedir pra Sócrates
    Não toma cicuta, me escuta
    Mas ele preferiu ouvir o que o copo diz
    E entre o que o homem fala e o que o homem vive
    A diferença entre ter liberdade e ser um homem livre
    Para que a gente suporte o mundo em decomposição
    Precisamos de doses de alienação
    Mais forte
    Ninguém mais quer pensar
    A profissão poeta tá em extinção
    Como ursos no polo norte
    Viver da arte e resistência nessa sociedade em decadência
    A onde toda arte é só um produto
    E o que não vende vai pro duto
    Pra algum esgoto do algoritmo
    Onde jaz mais um diamante bruto
    Nessa prisão moderna
    As grades não são feitas de medo
    Mas de prazeres
    E através do seus quereres
    Aumentam seus alqueires
    Presos, nas nossas vontades tão pueris
    Com a caneta e o papel tento cavar um túnel
    Que me tire dessa cela, dessa tela, desse cell
    Hoje já não sei se cavei uma saída
    Ou cavei minha própria cova sonhando em alcançar o céu


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