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Moreno e Cantor

Federico Silva

Morocho y cantor

Morocho y compadre, francés, por más señas,
cantando, cantando, llegó al arrabal.
Casitas humildes de techos de lata
vieron sus primeros vuelos de zorzal.
Allá en el Abasto, talló entre los buenos
y un juego de calles se dio en diagonal,
cuando dijo a todos, sonriente y cabrero,
que se iba a Europa, que se iba a triunfar.

Morocho,
a un ocho de tango tu voz enredó,
fraseando las velas de un fuelle mistongo,
que en más de un bailongo de tauras copó.
Morocho,
qué lejos España, París, Nueva York.
Qué lejos las luces de tu Buenos Aires,
qué cerca del cielo parece tu voz.

Las novias del mundo lloraron tu ausencia
y todas las violas tuvieron crespón
y todos los tangos se hicieron más tristes
cuando vos te fuiste, morocho y cantor.
Allá en Buenos Aires quedó tu viejita,
guardando en los surcos del disco tu voz,
mirando las fotos, las fotos marchitas,
milagro de madre, cerquita de Dios.

Moreno e Cantor

Moreno e compadre, francês, por mais que se diga,
cantando, cantando, chegou ao subúrbio.
Casas humildes com telhados de lata
viram seus primeiros voos de sabiá.
Lá no Abasto, se destacou entre os bons
e um jogo de ruas se formou em diagonal,
quando disse a todos, sorridente e atrevido,
que ia pra Europa, que ia pra brilhar.

Moreno,
a um oito de tango sua voz se enredou,
fraseando as velas de um acordeão surrado,
que em mais de um baile de machos dominou.
Moreno,
quão longe estão Espanha, Paris, Nova York.
Quão longe estão as luzes de seu Buenos Aires,
quão perto do céu parece sua voz.

As namoradas do mundo choraram sua ausência
e todos os violinos usaram luto
e todos os tangos ficaram mais tristes
quando você se foi, moreno e cantor.
Lá em Buenos Aires ficou sua mãezinha,
guardando nos sulcos do disco sua voz,
olhando as fotos, as fotos murchas,
milagre de mãe, pertinho de Deus.

Composição: