À vendre
Je vendrais de l'amour si l'amour est à vendre
Je vendrais des jardins si ça poussait chez moi
Je vendrais un pendu si je pouvais me pendre
Je vendrais la Folie si les fous se vendaient
Je vendrais du whisky comme un chagrin de grain
Je vendrais des canaux aux télés assoiffées
Je vendrais votre lit, Madame qui passez
Je vendrais mon chandail quand ma brebis tricote
Je vendrais le Pouvoir si je pouvais le vendre
Je vendrais mes chansons aux coqs à coqueluche
Je vendrais les chasseurs, même au mois de septembre
Et je vendrais leurs chiens si mes chiens me le disent
Je vendrais l'Arabie pour douze sacs d'avoine
Je vendrais mon cheval s'il mangeait de l'essence
Si je vends mon enfer pour me chauffer l'hiver
J'écouterais le tien sur mon vieux pornographe
Je vendrais la marée à la mer sans courage
Je vendrais la boussole à toi qui perds le Nord
Je vendrais la pampa aux plantes carnivores
Et je vendrais le bruit au silence de mort
Je vendrais la passion si tu me la donnais
Je vendrais l'inversion si tu viens à l'envers
Je vendrais le courage aux sans peur ni reproche
Et je vendrais l'enfer pour un demi de bière
Je vendrais l'Amérique aux Indiens de Nanterre
Je vendrais Robespierre à ceux de soixante-huit
Je vendrais soixante-huit aux Communards, mes frères
Je vendrais la Commune si cela se vendait
Je vendrais les patrons aux ciseaux de ma mère
Je vendrais du Corton au dernier, pour la route
Je vendrais l'essentiel au seuil de la mémoire
Je vendrais les douaniers aux frontières du doute
Je vendrais la Justice aux anars de service
Je vendrais les ordures aux parfums de Madame
Je vendrais le sourire aux larmes qui se cherchent
Et je vendrais l'automne à celles qui se trouvent
Je vendrais des psychiatres à la géométrie
Je vendrais du psychique à la matière inerte
Je vendrais des rivières aux deltas de la nuit
Je vendrais de l'absinthe à l'espérance verte
A l'espérance verte
Je vendrais les baleines aux corsets de naguère
Je vendrais les outrages aux hommes à genoux
Je vendrais les aurores aux aubes qui s'oublient
Et je vendrais des armes à la mélancolie
Je vendrais un instant au Temps du relatif
Je vendrais quelques volts aux galaxies éteintes
Je vendrais Nulle part à des prix prohibitifs
Je vendrais la Raison à des prix hors d'atteinte
La Raison à des prix hors d'atteinte
Il ne reste que moi qui ne suis pas à vendre
Alors, tu es passée et je me suis donné
A toi
Pour rien
A toi
Pour rien
À Venda
Eu venderia amor se o amor estivesse à venda
Eu venderia jardins se crescessem aqui
Eu venderia um enforcado se eu pudesse me enforcar
Eu venderia a Loucura se os loucos se vendessem
Eu venderia uísque como uma dor de cotovelo
Eu venderia canais para as TVs sedentas
Eu venderia sua cama, senhora que passa
Eu venderia meu suéter quando minha ovelha tricotar
Eu venderia o Poder se eu pudesse vendê-lo
Eu venderia minhas canções para os galos apaixonados
Eu venderia os caçadores, mesmo em setembro
E eu venderia seus cães se meus cães me dissessem
Eu venderia a Arábia por doze sacos de aveia
Eu venderia meu cavalo se ele comesse gasolina
Se eu vender meu inferno para me aquecer no inverno
Eu ouviria o seu no meu velho pornógrafo
Eu venderia a maré para o mar sem coragem
Eu venderia a bússola para você que perde o Norte
Eu venderia a pampa para plantas carnívoras
E eu venderia o barulho para o silêncio de morte
Eu venderia a paixão se você me desse
Eu venderia a inversão se você viesse ao contrário
Eu venderia a coragem para quem não tem medo nem culpa
E eu venderia o inferno por um copo de cerveja
Eu venderia a América para os índios de Nanterre
Eu venderia Robespierre para os de sessenta e oito
Eu venderia sessenta e oito para os Comunardes, meus irmãos
Eu venderia a Comuna se isso se vendesse
Eu venderia os patrões para as tesouras da minha mãe
Eu venderia Corton para o último, na estrada
Eu venderia o essencial à porta da memória
Eu venderia os fiscais nas fronteiras da dúvida
Eu venderia a Justiça para os anarquistas de plantão
Eu venderia o lixo para os perfumes da senhora
Eu venderia o sorriso para as lágrimas que se buscam
E eu venderia o outono para aquelas que se encontram
Eu venderia psiquiatras à geometria
Eu venderia o psíquico à matéria inerte
Eu venderia rios aos delta da noite
Eu venderia absinto à esperança verde
À esperança verde
Eu venderia as baleias aos espartilhos de antigamente
Eu venderia os insultos para os homens de joelhos
Eu venderia as auroras para as manhãs que se esquecem
E eu venderia armas para a melancolia
Eu venderia um instante ao Tempo do relativo
Eu venderia alguns volts para as galáxias apagadas
Eu venderia Lugar Nenhum a preços exorbitantes
Eu venderia a Razão a preços fora de alcance
A Razão a preços fora de alcance
Só resta eu que não estou à venda
Então, você passou e eu me entreguei
A você
Por nada
A você
Por nada