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Só Me Resta Recordar o Passado

Francis Lopes

Letra

    Minha infância não tem mais quem ajeite
    Para eu ser um menino que brincava
    Com a pipa de plástico que faltava
    Colocando na capa todo enfeite
    Que da vaca que pau tirava leite

    Sem botar no curral igual a gado
    E o bezerro que nem era chiqueirado
    Porque era de osso e não corria
    Como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    A infância da minha história eu narro
    Que enjoei de jogar pedra em ciclista
    E pra moeda eu ganhar de motorista
    Eu cansei de abrir portão pra carro
    Apostando carteira de cigarro

    Todo dia eu jogava kil e dado
    E no dinheiro que tinha acumulado
    Uma nota rasgada eu não queria
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Hoje choro, lembrando o tempo inteiro
    Do meu rancho encostado no velame
    Do anzol fabricado de arame
    Com que eu peguei sapo no terreiro
    Na garagem, no pé de juazeiro

    O meu carro de flandre enferrujado
    Que através de um barbante era puxado
    E a zuada era eu mesmo que fazia
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Eu não nego que vem recordação
    Que o 'toca' foi minha brincadeira
    O apito de casca de madeira
    Um cavalo, uma vara de cordão

    Um pedaço de pano era um jibão
    Que era leve, melhor de ser usado
    O de couro era grande e mais pesado
    Eu pequeno sem força não podia
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Mas de todas a que eu mais gostava
    Era jogar bola de meia no terreiro
    E peteca eu jogava o tempo inteiro
    E de peão, a gente também brincava
    E um pano nos olhos amarrava

    Pra brincar de cobra cega no cercado
    E o anel de mão em mão era passado
    Quando à noite a gente se reunia
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Ainda tem o milingoto e lacoxia
    Que a onda era passar de pai pra filho
    E com o carro feito de talo de milho
    A gente brincava todo dia
    E a boneca que a minha irmã fazia

    Era de pano e o cabelo bem cuidado
    De uma espiga de milho era tirado
    E botava o nome dela de Maria
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Choro sempre que volto a assistir
    No meu cérebro, a lembrança mais profunda
    Que papai ia pra feira na segunda
    E mãe pedia pra algo eu lhe pedir

    E ao invés de uma calça pra vestir
    Eu pedia um riman já transformado
    Um boneco vestido de soldado
    E pai comprava do jeito que eu pedia
    E como infância não tem segunda via
    Só me resta recordar o passado

    Composição: Judivan Macedo / Acrizio De França. Essa informação está errada? Nos avise.

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