395px

Piercarlino

Franco Califano

Piercarlino

E' sempre così, tu stravaccata a letto,
io a fa' nottata, ar freddo, giù de sotto,
pe' corpa de 'sto cane maledetto,
che se nun scenne caca ner salotto.
Mo' poi vo' fa' le corse nel viale
insieme a me, chi perde è 'n animale!
A vorte incontro gente e me vergogno
ma si 'n coremo lui nun fa er bisogno.
Quanno je scappa è sempre mattinata,
l'avesse mai 'na vorta anticipata.
Spacca er minuto, ar primo chiaro ‘n cielo,
pare che c'ha la sveja sotto ar culo.
Chi se lo scorda er compleanno tuo
"Comprami un cagnolino amore mio!
Gli starò dietro, ha la parola mia"!
Sei stata dietro a li mortaccia tua.
Da quanno 'st'animale s'e accasato
nun ho dormito otto ore di filato
e si consideramo che c'ha 'n anno
secondo te quando ripijio sonno?
Fra dieci dodic'anni, quanno more?
È ner frattempo dovrei pure core?
Prima de fa' 'sta fine io t'ammollo,
che c'hai 'n gelone ar posto der cervello!
Me casca 'n po' de cenere per tera
e in du' minuti fai scoppià la guera,
vomita er cane sopra li cuscini,
"Povero amore, ha male agli intestini"!
"Mio Dio, cosa ha mangiato giù al viale?"
Le palle de mi' nonno cor caviale!
Io che ne sò' che magna 'st 'imbecille
e che me frega a me se c'ha le bolle!
Me frega più che da quasi 'n annetto
me chiamano "Er frocione cor cagnetto"
co' tutti quei riccetti, quer nastrino,
quer nome che j'hai dato: "Piercarlino!"
Ma poi chiamallo un cane "Piercalino"
senza fa' ‘nsospettì chi t'è vicino?
Co tanti nomi belli, si ce penso,
potevi, che ne so, chiamallo... Stronzo!
Come perché, perché nun c'ha mai sonno...
perché me fa' venì sempre l'affanno...
Stronzo perché nun me fa' più dormire,
Stronzo perché nun caca si nun corre...
È lungo un parmo, arto mezzo sordo,
e fa' casino più de 'n Sanbernardo!
Ch'è maschio poi c'è ancora d'accertallo,
nun j'ho mai visto l'ombra de 'n pisello
ne' fra li peli 'n mezzo a le gambette
je so spuntate mai due-tre-pallette
Hai fatto tutto te; "com'è carino"...
"è maschio? ... lo chiamiamo Piercarlino!"
"Sono la tua mammina, Piercarlino
e questo qui sarà sarà il tuo paparino,
caro il mio cagnolino ... che bel pelo..."
E paparino, ce l'ha avuto 'n culo!
Giù ar viale, pe' accertamme der suo sesso,
je stavo a mette 'n po' le mani addosso;
me sento sfotte' da 'n amico mio:
"Je voi da' 'n bacio! Te lo reggo io!"
Capito come me so' sputtanato?
'Mo pure frocio ‘e no me ‘so stufato,
domani notte me ne resto a letto
er cane se cacasse pure sotto!
Pisciasse sui divani ner salotto,
svejasse quelli dell'interno 8,
morisse de cimuro tutt'a 'n botto,
mica posso annà avanti a fa' 'sta vita!
Ecco la morte, la porpetta avvelenata!
Queste so' idee ma tocca realizzalle,
'sto zozzo me lo levo da' le palle.
Già piagni... sei distrutta dar dolore
te immagini si Piercarlino more?
Carma, ma la porpetta s'a' dà fare
perché si tu voi er cane ar posto mio
vado a fa' 'n culo e me la magno io

Piercarlino

É sempre assim, você jogada na cama,
eu fazendo noite, no frio, lá embaixo,
pela culpa desse cachorro maldito,
que se não desce, caga na sala.
Agora quer correr na calçada
junto comigo, quem perde é um animal!
Às vezes encontro gente e fico envergonhado
mas se no coração dele não tem necessidade.
Quando ele precisa é sempre de manhã,
se ao menos uma vez ele chegasse antes.
Quebra o minuto, ao primeiro claro no céu,
parece que tem o despertador embaixo do rabo.
Quem esquece seu aniversário?
"Me compra um cachorrinho, meu amor!
Vou cuidar dele, é a minha palavra!"
Você ficou atrás dos seus defuntos.
Desde que esse animal se estabeleceu
não dormi oito horas seguidas
e se considerarmos que ele tem um ano
segundo você, quando vou conseguir dormir?
Daqui a dez, doze anos, quando ele morrer?
Enquanto isso, eu deveria correr também?
Antes de acabar assim, eu te largo,
que você tem um gelo no lugar do cérebro!
Cai um pouco de cinzas no chão
e em dois minutos faz estourar a guerra,
vomita o cachorro em cima dos travesseiros,
"Pobre amor, está com dor nos intestinos!"
"Meu Deus, o que ele comeu lá na calçada?"
As bolas do meu avô com caviar!
Eu que sei o que esse imbecil come
e que me importa se ele tem bolhas!
Me importa mais que há quase um ano
me chamam de "O viado com o cachorrinho"
com todos aqueles cachinhos, aquele laço,
aquele nome que você deu: "Piercarlino!"
Mas como chamar um cachorro de "Piercalino"
sem levantar suspeitas de quem está perto?
Com tantos nomes bonitos, se eu pensar,
poderia, sei lá, chamar de... Idiota!
Como assim, por que ele nunca tem sono...
por que me faz sempre ficar ofegante...
Idiota porque não me deixa mais dormir,
Idiota porque não caga se não corre...
É longo um palmo, meio surdo,
e faz mais barulho que um São Bernardo!
Que é macho, ainda tem que confirmar,
Nunca vi a sombra de um pênis
entre os pelos no meio das perninhas
nunca apareceram duas ou três bolinhas.
Você fez tudo isso; "como é bonitinho..."
"é macho? ... vamos chamá-lo de Piercarlino!"
"Sou sua mamãe, Piercarlino
e esse aqui será seu papai,
meu querido cachorrinho ... que pelo lindo..."
E papai, teve que se danar!
Lá na calçada, para confirmar seu sexo,
estava colocando um pouco as mãos nele;
sinto que estou sendo zoado por um amigo meu:
"Vou te dar um beijo! Eu seguro pra você!"
Entendeu como eu me ferrei?
Agora sou até viado e não estou mais cansado,
amanhã à noite vou ficar na cama
e se o cachorro cagar, que seja embaixo!
Se mijar nos sofás na sala,
acordar os do apartamento 8,
morrer de tédio tudo de uma vez,
não posso continuar vivendo assim!
Aqui vem a morte, a almôndega envenenada!
Essas são ideias, mas preciso realizá-las,
esse porco eu tiro da minha vida.
Já chorei... você está destruída de dor
imagina se Piercarlino morre?
Carma, mas a almôndega tem que ser feita
porque se você quer o cachorro no meu lugar
evou fazer um buraco e vou comer eu.

Composição: