O Boi A

Cada um com a sua parte
Cada um com o seu jeito

Mata rasteira, erva daninha, e o besouro ê boi
Que consolo ê boi
Pra cidade
Pedra, tijolo e britadeira
Que transtorno ê boi
Que som doido ê boi
Que a floresta hoje tem
O vuco-vuco, a correria, o trem
Salas de espera, filas de banco também

E a vida passa inteira
Lá bem pertin de casa
Os galhos aos tantos florindo
A folha aprendendo a secar

Leite de pedra, carne de soja, que colheita ê boi
Que peleja ê boi
Que fadiga
Chuva tardava, fome que vinha desse rio ê boi
Tão fedido ê boi
Que a metrópole já não vê
Tietê, beira-mar
Velo-cidade, velô

E a vida passa inteira
Lá bem pertin de casa
Os galhos aos tantos florindo
A folha aprendendo a secar

Leite de pedra, carne de soja, que colheita ê boi
Que peleja ê boi
Que fadiga ah
Bucho de boto, otras mentiras, que desgosto ê boi
Que choro rouco ê boi
E o que importa é viver
Em alta velô-cidade
Velo-cidade-velô

E a vida passa inteira
Lá bem pertin de casa
Os galhos aos tantos florindo
A folha aprendendo a secar
Vida passa inteira
Lá bem pertin de casa
Os galhos aos tantos florindo
A folha aprendendo a secar, vai

Tira da tua cabeça o que te corrói
A vida passa inteira
Que importa se o peito agora dói?
Dói mais e a vida passa inteira
Passa inteira
Vida passa inteira, passa inteira

Sacode essas penas, bate asa e voa
Passa inteira
Limpa, cura as feridas do peito, por mais que doa
A vida passa inteira
Passa inteira
A vida passa inteira
Passa inteira

Tira da tua cabeça o que te corrói
Passa inteira
Que importa se o peito agora, o peito agora dói?
O peito agora dói
Passa inteira
Vida passa inteira
Passa inteira

Sacode essas penas, bate asa e voa
Que importa se o peito agora
O peito agora
O peito agora dói