O Lelo
Pra onde vas Lelo
co aro de ferro
no día que fai
de mañá cedo.
E un cabás novo
e uns libros vellos,
nos zocos anos
de lama cheos
Vou a sere outro
pra aquil cortello,
de días de escola,
iste é o primeiro.
Hei estudiar
temos maestro
pra que mañá
seña home feito.
¿Como che foi?
Conta meu neno
de certo que hoxe
xa trás proveito
Bah! Non é nada, eu non o entendo
poia abofellas, que no meu testo
non sei que fala o meu maestro
Dí que vostede, chamase: abuelo,
miña mai: madre, e o chan: el suelo
Tamén zorrega capós a eito,
se dís que é mouro en ves de negro.
Mañan a escola non vou de certo.
Eu non entendo, non vallo pra eso.
Falas estranas, estranos lerios.
Do meu non falan. Falan de lexos.
Pra endurecere as maus no leiro
ainda non compre ise maiestro.
O Lelo
Pra onde você vai, Lelo
com aro de ferro
no dia que faz
de manhã cedo.
E uma mochila nova
e uns livros velhos,
nos anos de barro
cheios de lama.
Vou ser outro
pra aquele cortelo,
de dias de escola,
esse é o primeiro.
Vou estudar
temos professor
pra que amanhã
ensine homem feito.
Como foi pra você?
Conta, meu pequeno,
de certo que hoje
já trouxe proveito.
Bah! Não é nada, eu não entendo
porra, que no meu texto
não sei o que fala meu professor.
Diz que você se chama: avô,
minha mãe: mãe, e o chão: o solo.
Também chamam capô de jeito,
se diz que é moreno em vez de negro.
Amanhã na escola não vou, com certeza.
Eu não entendo, não vou pra isso.
Falas estranhas, estranhos lerios.
Do meu não falam. Falam de longe.
Pra endurecer as mãos no barro
ainda não compreendo esse professor.