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Escravidão (part. Miguel Angelo)

Gabriel Cabeça

Letra

    Um olhar triste, cansado
    Na senzala acorrentado
    Tratado como um animal
    E esquecido pelo estado

    Na palma da mão só calo
    No estomago um buraco
    No ombro carrego enxada
    A vida é difícil, não posso ser fraco

    Sol quente na cabeça
    Almoço frio
    Tantas almas já se foram
    Garimpando nesse rio

    Pé de chinelo
    Estrada de chão
    Sangue no olho
    Calo na mão

    Rico ou pobre
    Tem vinte e quatro horas
    Você aproveita
    Ou joga o dia fora

    Vacilou cochilou
    E o chicote estrala
    O rap liberta o espírito
    Através do domínio da fala

    Entre correntes e estupros
    Houve miscigenação
    Muitas lágrimas caíram
    Regaram nosso chão

    Mil oitocentos e oitenta e oito
    Abolição
    Mas escravos da nação
    Não tiveram libertação

    Foram quase 4 seculos
    De muita opressão
    Tortura, repressão
    Então a única opção

    Foi subir o morro
    Rezar para Deus, pedir socorro
    Porque na favela
    Quase sempre é mato ou morro

    É lei da selva do mais forte
    Em busca da sobrevivência
    Matando um leão por dia
    Nos somos a resistência

    Navio, negreiro
    Gritos, desespero
    Escravizados
    Pelos escravos do dinheiro

    E sustentar uma família com salário mínimo
    Você tem que fazer milagre
    E ainda te pedem um dízimo

    A escravidão não acabou
    Ela só mudou de nome
    Subemprego tu aceita
    Que é pra não morrer de fome

    Um golpe de um lado e de outro
    O que te abala ¿o que te sustenta¿
    Do que sua alma se alimenta

    Leia livro, viva leve
    Seja livre, a vida é breve
    Enquanto muitos consomem a história
    São poucos que a escrevem

    Então escrevo
    Escrevo, escrevo

    Escravos da grana
    Medo do medo
    Ao pensar que até
    A liberdade tem preço

    Quase um século e meio
    E não mudou o cenário
    Só que ao invés de rei
    Megas empresários

    Ao invés de terra
    Cargo comissionado
    Enquanto o mais fraco
    Sustenta o estado

    Soldados bem treinados
    Para oprimir o povo
    Não podemos deixar
    O ódio vencer o amor

    Me refiro com respeito
    As minorias e a ciência
    A intolerância
    É a capa da prepotência

    Inversão de valores
    Massacres publicitários
    Inconsciente coletivo
    Falsos noticiários

    Escravisão moderna
    Escravos da aparência
    Guerra da informação
    Vítimas da violência

    Enquanto uns buscam posse
    Outros buscam essência
    Enquanto uns brigam por poder
    Queremos sobrevivência

    Parte cabeça
    Deus une, religiões separam
    Sem respeito não chegaremos a lugar algum
    Sejamos assim, a mudança que queremos ver no mundo
    E façamos para o outro tudo
    E somente aquilo que queremos que façam para nós ou por nós igualmente
    Namastê


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