Espaço
GD
Pivete vive, os nossos não
(Baixada, baixada)
Ainda não
Me segurei pra não deixar que eles caíssem
Ele disse, eu sabia, mas não avisei
Enquanto o mal nos consumia ela ria
Tudo brilha reluzente num sonho sem lei
Mas nada vive nesse quarto, as estrelas se apagaram
Nossos sonhos são largados e sorriram os que cercaram
Último suspiro, último cigarro
Barulhos de tiro, me volto pro alto
Meu corpo se aquece, cheiro de asfalto
Nada foi perdido, tudo foi roubado
De surto em surto eu vejo um mundo obscuro e seguro
Completo e impuro, sagrado e culto
Mas o tempo é curto, uma chance é muito
Pra eu ter que largar tudo, ir de volta pro mundo
Ressignificar o puro, minha vida num pulo
E essas almas que vagam procurando espaço
Enquanto camas de concreto me oferecem abraço
O ar esfria, a guia enfim desfez o laço
De olhos abertos o Deus em mim dá o último passo
Me sinto mal Belchior, todo dia eu morro
Era pra ser um som sinistro e se tornou um desabafo
De Deus, o seu, o meu me da que eu faço
Crack no sapato, batidas do coração ritmizam o meu compasso
O tempo é escasso, e eu não sou fraco
Mas olho em volta, o ódio no encalço
As vozes na minha cabeça se tornaram o meu afago, os mato
Mas hoje é dia, acendo, puxo, seguro e traço
Sentimento é inspiração que cria vida nos versos e no riso do palhaço
(No riso do palhaço)
E essas almas que vagam procurando espaço
Enquanto camas de concreto me oferecem abraço
O ar esfria, a guia enfim desfez o laço
De olhos abertos o Deus em mim dá o último passo
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