Disparada

A Jornada do Sertanejo: Reflexões de um Boiadeiro

A música 'Disparada', interpretada por Geraldo Azevedo, é uma obra rica em metáforas e simbolismos que retratam a vida e as reflexões de um sertanejo. A letra começa com um aviso ao ouvinte para preparar o coração, pois a história que será contada pode não ser agradável. O narrador vem do sertão, um lugar marcado por dificuldades e desafios, e aprendeu a enfrentar a morte e o destino sem lágrimas, vivendo para consertar o que está fora do lugar.

A narrativa segue com o narrador descrevendo sua experiência como boiadeiro, um papel que assumiu não por escolha própria, mas por necessidade. Ele descreve a vida de boiadeiro como um sonho, onde ele era um rei, mas com o tempo, as visões e os sonhos começaram a clarear, levando-o a uma nova compreensão da vida. A metáfora do boiadeiro que se torna rei reflete a ilusão de poder e controle que muitas vezes acompanha a vida de quem lida com o gado, mas que se desfaz quando se percebe a complexidade e a dignidade da vida humana.

A música também aborda a diferença entre lidar com gado e lidar com pessoas. Enquanto o gado pode ser marcado, tangido, ferrado, engordado e morto, as pessoas são diferentes. Essa reflexão leva o narrador a uma decisão: ele não pode continuar a ser valente em um lugar onde o dono do gado e das pessoas não respeita essa diferença. Ele decide pegar sua viola e cantar em outro lugar, deixando claro que sua arte não é para enganar, mas para expressar sua verdade e sua visão de mundo. A música 'Disparada' é, portanto, uma poderosa reflexão sobre a vida no sertão, a dignidade humana e a busca por um sentido mais profundo na vida.