It's A Sin

Culpa e provocação religiosa em “It's A Sin” do Ghost

Na versão de “It's A Sin” do Ghost, a música ganha uma dimensão ainda mais provocativa ao unir a crítica religiosa da letra original com a estética satânica e teatral da banda. A canção, originalmente escrita por Neil Tennant a partir de suas experiências de culpa e repressão durante a educação católica, é transformada em um manifesto de desafio às normas religiosas. A repetição de “It's a sin” (“É um pecado”) reforça a ideia de que qualquer desejo ou ação natural é automaticamente condenado, criando um ciclo de vergonha e autoinculpação: “I've always been the one to blame / For everything I long to do” (“Sempre fui o culpado / Por tudo o que desejo fazer”).

A letra segue uma narrativa confessional, em que o personagem revisita sua vida sob o peso da culpa, resultado direto dos ensinamentos sobre pureza e moralidade: “At school, they taught me how to be / So pure in thought and word and deed / They didn't quite succeed” (“Na escola, me ensinaram como ser / Tão puro em pensamento, palavra e ação / Eles não tiveram muito sucesso”). O trecho “Father, forgive me, I tried not to do it / Turned over a new leaf, then tore right through it” (“Pai, perdoe-me, tentei não fazer isso / Virei a página, mas logo a rasguei”) mostra o conflito entre o desejo de seguir as regras e a inevitabilidade de falhar, além de sugerir uma relação tensa com figuras de autoridade. Na versão do Ghost, há uma ironia ao abraçar o “pecado” como identidade, ampliando o questionamento sobre culpa, repressão e o verdadeiro significado de transgressão.