395px

A Silvia

Giacomo Leopardi

A Silvia

Silvia, rimembri ancora
Quel tempo della tua vita mortale,
Quando beltà splendea
Negli occhi tuoi ridenti e fuggitivi,
E tu, lieta e pensosa, il limitare
Di gioventù salivi?
Sonavan le quiete
Stanze, e le vie d'intorno,
Al tuo perpetuo canto,
Allor che all'opre femminili intenta
Sedevi, assai contenta
Di quel vago avvenir che in mente avevi.
Era il maggio odoroso: e tu solevi
Così menare il giorno.
Io gli studi leggiadri
Talor lasciando e le sudate carte,
Ove il tempo mio primo
E di me si spendea la miglior parte,
D'in su i veroni del paterno ostello
Porgea gli orecchi al suon della tua voce,
Ed alla man veloce
Che percorrea la faticosa tela.
Mirava il ciel sereno,
Le vie dorate e gli orti,
E quinci il mar da lungi, e quindi il monte.
Lingua mortal non dice
Quel ch'io sentiva in seno.
Che pensieri soavi,
Che speranze, che cori, o silvia mia!
Quale allor ci apparia
La vita umana e il fato!
Quando sovviemmi di cotanta speme,
Un affetto mi preme
Acerbo e sconsolato,
E tornami a doler di mia sventura.
O natura, o natura,
Perché non rendi poi
Quel che prometti allor? perché di tanto
Inganni i figli tuoi?
Tu pria che l'erbe inaridisse il verno,
Da chiuso morbo combattuta e vinta,
Perivi, o tenerella. e non vedevi
Il fior degli anni tuoi;
Non ti molceva il core
La dolce lode or delle negre chiome,
Or degli sguardi innamorati e schivi;
Né teco le compagne ai dì festivi
Ragionavan d'amore.
Anche perìa fra poco
La speranza mia dolce: agli anni miei
Anche negaro i fati
La giovinezza. ahi come,
Come passata sei,
Cara compagna dell'età mia nova,
Mia lacrimata speme!
Questo è il mondo? questi
I diletti, l'amor, l'opre, gli eventi,
Onde cotanto ragionammo insieme?
Questa la sorte delle umane genti?
All'apparir del vero
Tu, misera, cadesti: e con la mano
La fredda morte ed una tomba ignuda
Mostravi di lontano..

A Silvia

Silvia, você ainda se lembra
Daquela época da sua vida mortal,
Quando a beleza brilhava
Nos seus olhos sorridentes e fugidios,
E você, alegre e pensativa, subia
O limite da juventude?
Soavam os tranquilos
Cômodos, e as ruas ao redor,
Ao seu canto perpétuo,
Quando, atenta às tarefas femininas,
Você se sentava, bem contente
Com aquele futuro vago que tinha em mente.
Era maio perfumado: e você costumava
Assim passar o dia.
Eu, deixando os estudos graciosos
E os papéis suados,
Onde meu tempo primeiro
E a melhor parte de mim se esvaía,
Nos varandões da casa paterna
Prestava ouvidos ao som da sua voz,
E à mão ágil
Que percorria a difícil trama.
Olhava o céu sereno,
As ruas douradas e os jardins,
E de lá o mar ao longe, e de cá a montanha.
Língua mortal não diz
O que eu sentia no peito.
Que pensamentos suaves,
Que esperanças, que corações, oh minha Silvia!
Como então nos parecia
A vida humana e o destino!
Quando me lembrava de tanta esperança,
Um afeto me aperta
Amargo e desolado,
E volto a sofrer pela minha desventura.
Oh natureza, oh natureza,
Por que não devolve depois
O que promete então? Por que enganas tanto
Teus filhos?
Antes que as ervas murchassem no inverno,
Vencida e combalida por uma doença cerrada,
Você perecia, oh delicada, e não via
A flor dos seus anos;
Não aquecia seu coração
O doce louvor agora dos cabelos negros,
Ou dos olhares apaixonados e tímidos;
Nem você e suas amigas nos dias festivos
Falavam de amor.
Também logo se apagava
Minha doce esperança: aos meus anos
Os destinos também negaram
A juventude. Ai como,
Como você se foi,
Querida companheira da minha nova idade,
Minha esperança chorada!
Este é o mundo? Estes
Os prazeres, o amor, as obras, os eventos,
Sobre os quais tanto conversamos juntos?
Este é o destino das gentes humanas?
Ao aparecer da verdade
Você, miserável, caiu: e com a mão
A fria morte e uma tumba nua
Mostrava de longe.

Composição: