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Carta a Mãe África

Gog

LetraSignificado

    É preciso ter pés firmes no chão
    Sentir as forças vindas dos céus, da missão
    Dos seios da mãe África e do coração
    É hora de escrever entre a razão e a emoção
    Mãe! Aqui crescemos subnutridos de amor
    A distância de ti, o doloroso chicote do feitor
    Nos tornou algo nunca imaginável, imprevisível
    E isso nos trouxe um desconforto horrível
    As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora
    Evoluíram pra prisão da mente agora
    Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual
    Continua caso raro ascensão social
    Tudo igual, só que de maneira diferente
    A trapaça mudou de cara, segue impunemente
    As senzalas são as ante salas das delegacias
    Corredores lotados por seus filhos e filhas
    Hum! Verdadeiras ilhas, grandes naufrágios
    A falsa abolição fez altos estragos
    Fez acreditarem em racismo ao contrário
    Num cenário de estações rumo ao calvário
    Heróis brancos, destruidores de quilombos
    Usurpadores de sonhos, seguem reinando
    Mesmo separado de ti pelo Atlântico
    Minha trilha são seus românticos cânticos
    Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços
    Que não me viu nascer, nem meus primeiros passos
    O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto
    Por aqui de ti falam muito pouco
    E penso... Qual foi o erro cometido?
    Por que fizeram com a gente isso?
    O plano fica claro... É o nosso sumiço
    O que querem os partidários, os visionários disso
    Eis a questão
    A maioria da população tem guetofobia
    Anomalia sem vacinação
    E o pior, a triste constatação
    Muitos irmãos patrocinam o vilão
    De várias formas oportunistas, sem perceber
    Pelo alimento, fome e sede de poder
    E o que menos querem ser e parecer
    Alguém que lembre no visual você, porquê

    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra
    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra

    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra
    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra

    Os tiros ouvidos aqui vem de todos os lados
    Mas não se pode seguir agachado
    É por instinto que levanto o sangue Banto-Nagô
    E em meio ao bombardeio
    Ainda reconheço quem sou, e vou
    Mesmo ferido, ao fronte, ao combate
    E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce
    Pois minha face delata ao mundo o que quero
    Voltar pra África, viver meus dias sem terno
    Eterno! É o tempo atual, da moral
    No mural vendem uma democracia racial
    E os pretos, os negros, afro descendentes
    Passaram a ser obedientes, afro convenientes
    Nos jornais, entrevistas das revistas
    Alguns de nós, quando expõem seus pontos de vista
    Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos
    E eu penso como os dias tem sido dolorosos
    E rancorosos, maldosos muitos são
    Quando falamos numa mínima reparação
    Ações afirmativas, inclusão, cotas?
    O opressor ameaça re-calçar as botas
    Nos mergulharam numa grande confusão
    Racismo não existe e sim uma social exclusão
    Mas sei fazer bem a diferenciação
    Sofro pela cor, pelo patrão e o padrão
    E a miscigenação, tema polêmico no gueto
    Relação do branco, do índio com preto
    Fator que atrasou ainda mais a autoestima
    -Tem o cabelo liso, mas olha o nariz da menina
    O espelho na favela após a novela é o divã
    Onde os parceiro sonha em ser galã
    Onde as garota viaja
    Quer ser atriz ao em vez de meretriz
    Onde a lágrima corre como num chafariz
    Quem diz! Que este povo foi um dia unido
    E que um plano o trouxe para um lugar desconhecido
    Hoje amado (Ah! Muito amado), são mais de quinhentos anos
    Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos
    Mãe! Sou fruto do seu sangue, das suas entranhas
    O sistema me marcou, mas não me arrebanha
    O predador errou quando pensou que o amor estanca
    Amo e sou amado no exílio por Dona Sebastiana

    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra
    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra

    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra
    A carne mais barata do mercado é a negra
    A carne mais marcada pelo Estado é a negra

    Composição: Genival Oliveira Gonçalves. Essa informação está errada? Nos avise.
    Enviada por Marcos. Revisões por 5 pessoas. Viu algum erro? Envie uma revisão.

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