1001 Formas (part. Nikotina)

Reflexão sobre morte e legado em "1001 Formas (part. Nikotina)"

A música "1001 Formas (part. Nikotina)", do GPRO com participação de Nikotina, aborda a morte de forma direta, irônica e criativa, fugindo do tom sombrio comum ao tema. Logo no início, o verso “São mil e uma formas para morrer / Se eu pudesse escolher uma / Atirar-me no palco com uma guitarra e uma bummer” faz referência ao assassinato de John Lennon, sugerindo que morrer artisticamente, em meio à música, seria uma saída digna para quem vive do rap. Essa escolha revela um desejo de controlar o próprio destino e de transformar o fim em um ato de expressão artística.

A letra também traz conexões com movimentos de resistência, como na menção aos Panteras Negras e ao “spliff” com eles em “xxxx Mansion no Zion”, criando a imagem de um paraíso alternativo onde ícones revolucionários e culturais se encontram após a morte. O pedido de um último desejo – “um track com Jay-Z, já posso morrer de vez” – mistura ambição artística com aceitação do fim, mostrando como o sucesso e o reconhecimento são vistos como realizações máximas. Trez Agah reforça essa ideia ao preferir uma morte “na cruz que nem Jesus man”, mas vestido com símbolos do hip-hop, demonstrando orgulho de sua identidade até o último momento. Já Nikotina KF brinca com a própria mortalidade e legado no rap: “Rap é tipo campa se eu morrer vão por meu nome aqui”, indicando que a arte é uma forma de eternidade. O tom reflexivo e irônico da música equilibra o peso do tema com referências espirituosas, celebrando a vida e a cultura hip-hop moçambicana.