Os Meninos Que Sonham (part. Akaz)

Realidade e escolhas em "Os Meninos Que Sonham (part. Akaz)"

Em "Os Meninos Que Sonham (part. Akaz)", Guina PR retrata o cotidiano de jovens de Umuarama que, diante da falta de oportunidades, veem no crime uma alternativa para conquistar respeito e ascensão social. A escolha de Tony Montana como referência, em vez de figuras como Celso Portiolli, destaca o fascínio por trajetórias rápidas e arriscadas, em contraste com caminhos convencionais e mais lentos. O desejo por marcas como Nike, Oakley e Lacoste, além de carros de luxo como Renegade, Golfão e Civic zero, vai além da ostentação: representa a busca por pertencimento e reconhecimento em um contexto de exclusão social.

A música também aborda o conflito emocional desses jovens, especialmente na relação com suas mães. O trecho “Bença mãe! Vai com Deus meu filho / Coração apertado! Volta logo menino” mostra o contraste entre o afeto familiar e a escolha pelo caminho perigoso do crime. O risco constante, seja pela vigilância policial do BPFron ou por acidentes fatais, aparece em versos como “Acidente! Porra! Aquele era foda / O Facebook tá de Luto, sua foto toda hora”. O refrão “Vou na fé, mesmo no caminho difícil eu aprendi / Que a rosa é bela e cheio de espinhos” resume a consciência de que a busca por uma vida melhor é cheia de perigos e perdas, mas também de sonhos e esperança. O duplo sentido entre "ouro ou algema" e a referência ao "sistema" que oferece apenas "cadeia ou caixão" reforça como o sucesso pelo crime é sedutor, mas extremamente arriscado, tornando a linha entre vitória e tragédia muito tênue.