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Aguaceiro

Guto Gonzalez

Letra

    A chuva da tarde galopeava solta sem nunca dar trégua
    Distância de légua se via na volta que fechou parelho
    As sangas bufando o pasto encharcado e um vento teatino
    Que assoviava fino, abanando meu poncho de carnal vermelho

    Pelego virado, as cordas molhadas chegavam dar pena
    Até a cantilena das minhas esporas foram silenciando
    Chapéu desabado gotejava a água escorrida da copa
    Coisas pra quem topa enfrentar o tempo assim campereando

    Pra costa do mato uma ponta de gado rumou despacito
    Vinha ao trotezito, mas cruzei de largo sem fazer alarde
    Um lote de ovelha procura refúgio descendo a coxilha
    E a minha tordilha fareja invernia que aos poucos se encarde

    As nuvens cinzentas cruzando pesadas pro lado de cá
    Carregam de alla um frio que arrepia
    E na terra deságua e na terra deságua
    Judiando dos bichos, catigando os homens sendo impiedoso
    Vindo buscar pouso pelos descampados
    Pelos descampados e ranchos de tábua

    No passo do meio cruzando com a água na argola da cincha
    Me lembrei da quincha que abriga os meus em volta dos tições
    Pedi ao santo padre que não desampare os que a vida renega
    E se vão as macegas quando relampeia a alma dos trovões

    A chuva da tarde entrou noite a dentro na mesma constância
    Arrepiando a ânsia do que nessas horas a gente descobre
    Mas quem campereia cuidando dos outros em dias assim
    Ganhará no fim um lugar ao Sol que é o poncho do pobre


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