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Ofício Posteiro

Guto Gonzalez

Letra

    Hay invernito temprano
    Que chegou abagualado
    Mal, mal murmurava julho
    Já tinha os pastos branqueado
    Inté com a força do milho
    Meus pingos ficaram atorrados

    Um geadão caborteiro
    Noivou os pastos de branco
    Não fosse meu poncho, pátria!
    Encarangava no campo

    A mão cismada campeia
    Por de baixo dos pelegos
    Um borrachão ajujado
    Bem guardadito em segredo

    Mas só um golito de canha
    Pra aguentar o inverno duro
    Que castiga a alma da gente
    Neste ofício pelo duro

    Tinha lhe dito, patrão!
    Que desmamasse mais cedo
    Choveu pouco este verão
    E as vacas velhas do posto
    Entraram fracas este inverno
    E ficaram só no cerno
    Pra peleguear este agosto!

    Vez em quando a trança forte
    Se abre num abraço campeiro
    Pra sacar uma rês fraca
    Que se atracou num atoleiro

    Por conhecer o que falo
    Sei quando o arame trabalha
    E algum fio, enferrujado
    Não aguenta e se remalha

    Então levo espichador
    Chave de arame e mordente
    Pra remendar um alambrado
    Ou algum fio que rebente

    Que coisa brava e selvagem
    Não dá uma folga pra gente
    Uma chuvarada medonha
    Sempre emponchando o vivente
    Que pra aguentar a pegada
    Hay que ser guapo e valente

    Sombreiro copa pontuda
    Pra escorrer o aguaceiro
    Aba larga, desabado
    Pra tourear com este pampeiro

    Mas só um golito de canha
    Pra encorajar o campeiro
    Que rigoreia pachola
    No velho ofício posteiro


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