Ashley

Conflito de identidade e autenticidade em “Ashley” de Halsey

Em “Ashley”, faixa de abertura do álbum "Manic", Halsey escolhe usar seu nome de nascimento para destacar o conflito entre sua identidade pública e pessoal. Logo no início, ela revela a sensação de ter perdido o controle sobre sua própria história, como mostra o verso: “And I can't remember why the decision wasn't mine / But it seems I'm only clingin' to an idea now” (E eu não consigo lembrar por que a decisão não foi minha / Mas parece que agora só estou me apegando a uma ideia). Esse trecho reflete como Halsey sente que sua persona artística foi moldada por pressões externas, levando-a a questionar até que ponto suas escolhas realmente lhe pertencem. A imagem do “espelho que eu mesma construí” reforça a ideia de uma identidade fabricada, que já não representa quem ela é de verdade.

A música também aborda o desejo de se libertar das expectativas dos outros, especialmente quando Halsey canta: “Only wanna die someday / Someday, someday, when I burst into flames / I'll leave you the dust, my love” (Só quero morrer algum dia / Algum dia, algum dia, quando eu explodir em chamas / Vou deixar para você o pó, meu amor). Aqui, ela sugere uma despedida simbólica, refletindo sobre como seria lembrada se desaparecesse. O trecho do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” ao final, com a fala “I'm just a fucked up girl who's lookin' for my own piece of mind / Don't assign me yours” (Sou só uma garota cheia de problemas procurando minha própria paz de espírito / Não me imponha a sua), reforça o tema central da busca por autenticidade e da recusa em ser vista como projeção dos outros. Assim, “Ashley” funciona como um manifesto de vulnerabilidade e autodefinição, em que Halsey expõe suas fragilidades e reafirma o direito de ser ela mesma, sem se prender a rótulos ou expectativas alheias.