A Little Love

Contrastes e afeto em “A Little Love” de Corey Hart

Corey Hart transforma a contradição em força motora: o mesmo amor que conforta também desestabiliza. A letra alterna gestos de cuidado e faíscas de conflito para mostrar como “um pouco de amor” abre caminho quando tudo emperra. Os versos “I bring you flowers in a tiny bottle of rain” (Eu te trago flores em um pequeno frasco de chuva) sugerem delicadeza em meio à tristeza, enquanto “I bring out demons that you cannot explain” (Eu trago à tona demônios que você não consegue explicar) expõe as inseguranças que o afeto revela. O atrito segue em “I am your prison when you long to be free” (Eu sou sua prisão quando você deseja ser livre) e na vulnerabilidade de “I bring you laughter from a serious guy / Still nervous like a school boy” (Eu te trago risadas de um cara sério / Ainda nervoso como um garoto de escola). O refrão resume a tese com impacto: “A little love will make your heart go bang-bang” (Um pouco de amor vai fazer seu coração bater bang-bang).

A dinâmica do casal se equilibra nos extremos: “You bring me oceans when the river runs dry” (Você me traz oceanos quando o rio seca). Ela surge como “magic potion” (poção mágica) para o lado “ethereal” (etéreo) dele e tem a potência de “Carry Gibraltar like a pebble” (Carregar Gibraltar como se fosse uma pedrinha), hipérbole que transforma o rochedo em apoio leve. “Sister is your secret simply out of reach?” (Garota, seu segredo está simplesmente fora de alcance?) brinca com o mistério da parceira. A pulsação do “bang-bang” conversa com a estética pop-rock do álbum Bang!, gravado na Califórnia com o baterista Kenny Aronoff, cujo groove torna o refrão irresistível. Não à toa, virou hit no Canadá e entrou na Billboard: otimismo engarrafado em ganchos que ficam na cabeça.