Amurado
Campaneo a mi catrera y la encuentro desolada
Solo tengo de recuerdo el cuadrito que está ahí
Pilchas viejas; unas flores y mi alma atormentada
Eso es todo lo que queda desde que se fue de aquí
Una tarde más tristona que la pena que me aqueja
Arregló su bagayito y amurado me dejó
No le dije una palabra; ni un reproche; ni una queja
La miré que se alejaba y pensé: ¡todo acabó!
Si me viera estoy tan viejo; tengo blanca la cabeza
¿Será acaso la tristeza de mi negra soledad?
Debe ser porque me cruzan tan fuleros berretines
Que voy por los cafetines a buscar felicidad
Bulincito que conoces mis amargas desventuras
No te extrañe que hable solo que es tan grande mi dolor
Si me faltan sus caricias; sus consuelos; sus ternuras
¿Qué me quedará a mis años? Si mi vida está en su amor
¡Cuántas noches voy vagando! Angustiado y silencioso
Recordando mi pasado con mi amiga la ilusión
Voy en curda; no lo niego que será muy vergonzoso
Pero llevo más en curda a mi pobre corazón
Si me viera estoy tan viejo; tengo blanca la cabeza
¿Será acaso la tristeza de mi negra soledad?
Debe ser porque me cruzan tan fuleros berretines
Que voy por los cafetines a buscar felicidad
Amurado
Campainha na minha cama e a encontro desolada
Só tenho de lembrança o quadrinho que tá ali
Roupas velhas; umas flores e minha alma atormentada
Isso é tudo que ficou desde que ela se foi daqui
Uma tarde mais triste que a dor que me aflige
Arrumou suas coisas e me deixou amurado
Não disse uma palavra; nem um reproche; nem uma queixa
A vi se afastando e pensei: tudo acabou!
Se me visse, tô tão velho; com os cabelos brancos
Será que é a tristeza da minha negra solidão?
Deve ser porque me cruzam uns pensamentos tão ruins
Que vou pelos botecos buscando felicidade
Bulincito que conhece minhas amargas desventuras
Não estranhe que eu fale só, que é tão grande minha dor
Se me faltam suas carícias; seus consolos; suas ternuras
O que me restará na idade que tenho? Se minha vida tá no amor dela
Quantas noites vou vagando! Angustiado e silencioso
Recordando meu passado com minha amiga a ilusão
Tô na cachaça; não nego que é bem vergonhoso
Mas levo mais na cachaça meu pobre coração
Se me visse, tô tão velho; com os cabelos brancos
Será que é a tristeza da minha negra solidão?
Deve ser porque me cruzam uns pensamentos tão ruins
Que vou pelos botecos buscando felicidade
Composição: José de Grandis / Pedro Laurenz / Pedro Maffia