GASSHOW

Ausência e memória transformadas em valor em “GASSHOW”

A música “GASSHOW”, de Illion, explora a ausência e o vazio não como simples perdas, mas como partes essenciais para dar sentido à vida e à memória. O verso “de aeta kara koko no aru kono / karappo dakara daiji ni suru yo” (“porque nos encontramos, este lugar existe / porque está vazio, eu o valorizo”) mostra como o vazio deixado por alguém ou algo pode se tornar um espaço importante, digno de cuidado. Esse olhar é reforçado pelo contexto digital, sugerindo um apego ao que já não se pode alcançar, seja por destino, acaso, passado ou presente.

A canção utiliza imagens do mar, como “ondas vorazes” e “voz que implora no meio do oceano sem eco”, para simbolizar tanto a força do tempo quanto a solidão diante da perda. O mar representa o ciclo constante de vida e morte, onde histórias e significados se perdem e se renovam. A busca por pertencimento aparece em versos como “o cheiro que indica o lar” e “dedos finos como guias para o lar”, mostrando que, mesmo à deriva, existe esperança de reencontro. O trecho “se for para virar mentira, não preciso mais da verdade” revela uma aceitação da impossibilidade de manter certas verdades, preferindo preservar a memória, mesmo que imperfeita, a esquecer completamente.

No fim, a entrega de si para proteger um legado, mesmo que seja só uma lembrança, mostra a intensidade do amor e da dor presentes na música. O desejo de enviar uma última mensagem, “com a voz trêmula, desejando que chegue até você”, reforça o tom melancólico e introspectivo, mas também valoriza o que foi vivido. “GASSHOW” propõe uma reflexão sobre como lidamos com a ausência, o tempo e a necessidade de encontrar sentido no vazio, transformando a dor em conexão e sanidade.