A Decomposição de Kokuran

みるみるうちにあたしのからだはくさっていった
Mirumiru uchi ni atashi no karada wa kusatte itta

かのうしたきずぐちにはうじがわきろっこつのささったはいはいますでもひゅうひゅうとかなしいおとをたてている
Kanou shita kizuguchi ni wa uji ga waki rokkotsu no sasatta hai wa ima demo hyuu-hyuu to kanashii oto o tateteiru

しゃないにたれながされたさまざまなたいえきはえぐられたないぞうともにおぞましいいろどりをおびている
Shanai ni tare-nagasareta sama-zama na taieki wa egurareta naizou to tomo ni ozomashii irodori o obiteiru

それはトマトをにつめたイタリアりょうりのようでもありなまぐさいしのかおりはまるでうおいちばのようでもあった
Sore wa tomato o ni-tsumeta itaria-ryouri no you demo ari namagusai shi no kaori wa marude uoichiba no you demo atta

このままあたしもしんでいくのだろうか
Kono mama atashi mo shinde iku no darou ka?

いきのびるためにはしたいのにくをたべなければ
Iki-nobiru tame ni wa shitai no niku o tabenakereba

あたしはついにうえたおにになりはてまだせいきののころじんにくにむさぼりついた
Atashi wa tsui ni ueta oni ni narihate mada seiki no nokoro jin'niku ni musabori-tsuita

すえたにおいにむせながらすじばったじんにくをがりがりとあたしはたべたのよ
Sueta nioi ni musenagara sujibatta jin'niku o gari-gari to atashi wa tabeta no yo

いつもとかわらぬあさをむかえ
Itsumo to kawaranu asa o mukae

いつもとかわらぬまんいんでんしゃにのった
Itsumo to kawaranu manin densha ni notta

いつもとかわらぬしゃりょうのなかでは
Itsumo to kawaranu sharyou no naka de wa

いつもとかわらぬかおどうしがたにんのふりをしている
Itsumo to kawaranu kao-doushi ga tanin no furi o shiteiru

いつもとかわらぬていしゃえきでは
Itsumo to kawaranu teisha-eki de wa

いつもとかわらぬじょうきゃくがのりこみ
Itsumo to kawaranu joukyaku ga nori-komi

いつもとかわらぬしんぶんをひろげては
Itsumo to kawaranu shinbun o hirogete wa

いつもとかわらぬおなじきじをよんでいる
Itsumo to kawaranu onaji kiji o yondeiru

しかし
Shikashi

いつもとかわらぬはずのれっしゃは
Itsumo to kawaranu hazu no ressha wa

いつもとちがうスピードでとばし
Itsumo to chigau supiido de tobashi

いつもとかわらぬはずのれいせいなうんてんしゅはすでにはっきょうしていた
Itsumo to kawaranu hazu no reisei na untenshu wa sude ni hakkyou shiteita

じそく120キロメートルのスピードでれっしゃはせんろをふみはずし
Jisoku 120 kiromeetoru no supiido de ressha wa senro o fumi-hazushi

はげしくおうてんしながらなんぼんものでんちゅうをなぎたおした
Hageshiku outen shinagara nanbon mo no denchuu o nagi-taoshita

おびただしいかずのじょうきゃくがはっしたひめいははげしくてんごくへのとびらをのっくした
Obitadashii kazu no joukyaku ga hasshita himei wa hageshiku tengoku e no tobira o nokku shita

"みよ、ぜんだいみもんのさんげきを！\"
"miyo, zendaimimon no sangeki o!"

こなごなにくだけちったまどがらすのはへんがじょうきゃくのからだにつきささって
Kona-gona ni kudake-chitta mado garasu no hahen ga joukyaku no karada ni tsuki-sasatte

まっかななまあたたかいえなじーがどくどくとふきだしている
Makka na nama-atatakai enajii ga doku-doku to fuki-dashiteiru

はげしいしょうげきにとびだたちゅうねんおとこのめだまはおどろいたようなひょうじょうであたしになにかいおうとしている
Hageshii shougeki ni tobideta chuunen otoko no medama wa odoroita you na hyoujou de atashi ni nanika iou to shiteiru

おもわずめをそむければそこにはちぎれたむすうのてあしがまるでいきもののようにあやしくうごめいていた
Omowazu me o somukereba soko ni wa chigireta musuu no te-ashi ga marude ikimono no you ni ayashiku ugomeiteita

さらりいまんのくちもとからはちょうしょくと思われるコーヒーとはむえっぐとえきのミックスジュースがこぼれ
Sarariiman no kuchimoto kara wa choushoku to omowareru koohii to hamueggu to ieki no mikkusu juusu ga kobore

おーるのあしもとからはあまりのしょっくによるしっきんとせいりちゅうのちでぶれんどされたオレンジジュースがこぼれている
Ol no ashimoto kara wa amari no shokku ni yoru shikkin to seiri-chuu no chi de burendo sareta orenji juusu ga koboreteiru

そのうつくしいこうけいはまるせる - デュシャンのげいじゅつろんをかるくこえてしまった
Sono utsukushii koukei wa maruseru - dyushan no geijutsuron o karuku koete shimatta

なぜなら\"ローズセラヴィ\"も\"フレッシュ - ウィード\"も\"アンフランス\"もすでにかたりつくされているではないか
Nazenara "roozuseravi" mo ""furesshu - uidoo" mo "anfuramansu" mo sude ni katari-tsukusareteiru de wa nai ka!

きおくというのはおそろしきもかなしいほどに
Kioku to iu no wa osoroshiku mo kanashii hodo ni

じかんがたてばたつほどにあざやかに
Jikan ga tateba tatsu hodo ni azayaka ni

そしてせんめいに
Soshite senmei ni

おかあさんはきづいていたんだろうか、うろなめをしたあのフランスにんぎょうに
Okaa-san wa kizuiteita darou ka, uro na me o shita ano furansu ningyou ni

おかあさんはしっていたんだろうか、みみのうしろがだれているみたいね
Okaa-san wa shitteita darou ka, mimi no ushiro ga tadareteiru mitai ne

おかあさんはのぞんでいたんだろうか、おたがいをじちょうしあうそのよろこびを
Okaa-san wa nozondeita darou ka, otagai o jichou shiau sono yorokobi o

こんやもおかあさんがあたしのくびをしめにやってくる
Kon'ya mo okaa-san ga atashi no kubi o shime ni yatte kuru

おそろしさのあまりあたしはねむったふりをしていると、おかあさんのしろくてつめたいぞうおのてがあたしのくびにまきついてくる
Osoroshisa no amari atashi wa nemutta furi o shiteiru to, okaa-san no shirokute tsumetai zouo no te ga atashi no kubi ni maki-tsuite kuru

そしてゆっくりゆっくりとあたしのこきゅうをとめようとする
Soshite yukkuri yukkuri to atashi no kokyuu o tomeyou to suru

いしきがとおのいていくなかでこのまましんでもいいとかすかにおもった
Ishiki ga toonoite iku naka de kono mama shinde mo ii to kasuka ni omotta

アスファルトにたたきつけたちぬれのからだ
Asufaruto ni tataki-tsuketa chinure no karada

きっとおかあさんは\"あのこと\"をしっているんだわ
Kitto okaa-san wa "ano koto" o shitteiru'n da wa

"あのこと\"とは、そう
"ano koto" to wa, sou

あたしがおとうさんとさんねんまえからあいしあっていることよ
Atashi ga otou-san to san'nen mae kara aishi-atteiru koto yo

でもおかあさん、あたしのかちね
Demo okaa-san, atashi no kachi ne

なぜならあたしはすでにおとうさんのこどもをみごもっているからよ
Nazenara atashi wa sude ni otou-san no kodomo o migomotteiru kara yo

アスファルトにたたきつけたちぬれのからだ
Asufaruto ni tataki-tsuketa chinure no karada

もしあなたがなにかにおそれなにかにおびえているのなら、このうたをきくがよい
Moshi anata ga nanika ni osore nanika ni obieteiru no nara, kono uta o kiku ga yoi

おのれのかみをひきぬいてあなたのくびをしめつける
Onore no kami o hiki-nuite anata no kubi o shime-tsukeru

のどぶえくいつきかみちぎるちのりとびちるしょうじがみ
Nodo-bue kui-tsuki kami chigiru chinori tobi-chiru shoujigami

こいしきあまりのせつなさにゆびさきナイフできりおとす
Koishiki amari no setsunasa ni yubisaki naifu de kiri-otosu

われにかえればちぬれのさんげきごのあかふじょう
Ware ni kaereba chinure no sangeki-go no aka-fujou

しぬのはいつもたんにんばかり
Shinu no wa itsumo tan'nin bakari

しゃくねつのひのあたるあかいよるにしかばねはくさりはていしゅうをただよわす
Shakunetsu no hi no ataru akai yoru ni shikabane wa kusari-hate ishuu o tadayowasu

あなたのなきがらがあたしをはなさずさけびごえさだれにもとどかない
Anata no nakigara ga atashi o hanasazu sakebi-goe sa dare ni mo todokanai

しぬのはいつもたんにんばかり、そしてまたいちまんせんぼんのむちがあなたにおそいかかる
Shinu no wa itsumo tan'nin bakari, soshite mata ichimanissen-bon no muchi ga anata ni osoi-kakaru

いんりょくはおもくおもくあたしによりかかる
Inryoku wa omoku omoku atashi ni yori-kakaru

じりつしんけいはしっちょうしこきゅうはこんなんである
Jiritsu shinkei wa shitchou shi kokyuu wa kon'nan de aru

ろっかんしんけいつうがあっかしげきつがとまらない
Rokkan shinkei-tsuu ga akka shi geketsu ga tomaranai

トラホームのうみがふきだす\"うんめいの日はちかい\"
Torahoomu no umi ga fuki-dasu "unmei no hi wa chikai"

いんりょくはおもくおもくあたしによりかかる
Inryoku wa omoku omoku atashi ni yori-kakaru

Eu vi meu corpo apodrecer rapidamente

Na ferida que se abriu, larvas começaram a brotar, e o cheiro triste se espalha

Os fluidos diversos que escorrem são de um tom horrendo, como se fossem órgãos expostos

É como um prato italiano recheado de tomates, mas o cheiro de peixe é como o de um mercado

Será que eu vou morrer assim mesmo?

Para sobreviver, preciso comer carne

Eu finalmente me tornei um monstro, devorando carne humana como se fosse um vício

Engasgando com o cheiro podre, eu mastiguei a carne fibrosa

Acordei em uma manhã como qualquer outra

Entrei no trem lotado como sempre

Dentro do vagão, como sempre

As mesmas caras fingindo que não se conhecem

Na estação, como sempre

Os mesmos passageiros embarcando

Abrindo o jornal como sempre

Lendo a mesma notícia de sempre

Mas

O trem que deveria ser o mesmo

Estava acelerando de forma diferente

O motorista, que deveria ser calmo, já estava em pânico

A 120 km/h, o trem saiu dos trilhos

Destruindo postes de eletricidade com força

Um número imenso de passageiros gritou, batendo na porta do paraíso

"Olhem, a tragédia do século!"

Os estilhaços de vidro se cravaram nos corpos dos passageiros

Um sangue quente e vermelho jorrava como uma fonte

O olhar surpreso de um homem de meia-idade parecia querer me dizer algo

Quando desviei o olhar, vi membros despedaçados se contorcendo como se fossem seres vivos

Da boca de uma mulher, um mix de café e suco de laranja escorria

E do chão, o suco de laranja misturado com o sangue de um choque tão forte

Aquela cena linda superou a arte de Duchamp

Pois "Rose Sélavy", "Fresh Weed" e "Unfrance" já foram exaustivamente discutidos

A memória é algo aterrador e triste

Quanto mais o tempo passa, mais vívida ela se torna

E mais clara

Será que minha mãe percebeu, naquela boneca francesa que se arrastava?

Será que ela sabia, que atrás da minha orelha estava caindo?

Será que ela desejava, a alegria de nos apoiarmos mutuamente?

Essa noite, minha mãe vem para apertar meu pescoço

Com tanto medo, finjo que estou dormindo, mas a mão fria e branca dela se enrola em meu pescoço

E lentamente tenta parar minha respiração

Enquanto a consciência se esvai, pensei que talvez eu pudesse morrer assim

Meu corpo molhado batido no asfalto

Com certeza, minha mãe sabe "daquilo"

"Daquilo" que, sim,

Eu e meu pai nos amamos há três anos

Mas mãe, é a minha vitória

Pois eu já estou grávida do meu pai

Meu corpo molhado batido no asfalto

Se você tem medo de algo, ou está apavorado, ouça esta canção

Arranque seu cabelo e aperte seu pescoço

A garganta se rasga, o sangue espirra, a dor é insuportável

A tristeza é tanta que corto com uma faca na ponta dos dedos

Quando volto a mim, sou um espetáculo de tragédia

Morrer é sempre uma questão de escolha

Na noite vermelha sob o sol escaldante, o cadáver apodrece

Seu corpo não me solta, gritando, mas ninguém ouve

Morrer é sempre uma questão de escolha, e novamente, mil e uma mortes vêm sobre você

A gravidade pesa, pesa sobre mim

A autoafirmação é um desafio, a respiração é difícil

A dor nas costas não para de aumentar

O mar de Trachoma exala "o dia do destino está próximo"

A gravidade pesa, pesa sobre mim.