Educação de Caipira

Falo errado o que é que tem? Não estudei pra dotô
Não preciso ser letrado pra poder ser cantadô
Quem assunta minha prosa, na roça também passô
Aqui eu me sinto bem desse jeito que eu sô
Em criança ouvia uns causo que foi meio assustadô
Saci, mula sem cabeça e um trem feio da besta
A lenda do berradô

Sem querer me amedrontar, meu pai tudo me ensinô
Com a cultura que tinha foi o melhor professô
Quando no cabo da enxada logo já me colocô
Pro moleque que eu era foi o que solucionô
Foi trazendo a corda curta que a doma executô
Potro novo e redumão não têm outro jeito não
É no freio sim sinhô

Para as teima que eu fazia minha mãe sabia usá
Chá de vara de goiaba se pudesse me pegá
Era a moita aquele tempo, meu conselho tutelá
De tardinha aparecia com a carinha de gambá
Me fingindo de inocente procurando escapá
Se nem tudo sucedia, bem do jeito que eu queria
Minha orelha ia esquentá

Minha infância aqui na roça que me ensinou vivê
Falta de escrita boa não me vai desmerecê
Trago em mim honestidade, isso eu tenho pra valê
Dar exemplo pros moleque é o que posso fazê
E a escola que não tive com certeza eles vai tê
Dentro de meu coração sei que tenho de montão
Tudo para agradecê