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LetraSignificado

    A la putcha meu patrício,
    Como é lindo e perigoso
    Quando um bagual baixa o toso
    Corcoveando num lançante
    Sabendo que àquele instante
    Só nos separam da morte
    As rédeas e a cincha forte
    Feita de couro e barbante!

    E como é lindo cruzar
    Enforquilhado nos bastos,
    Riscando o lombo dos pastos
    O mesmo que uma centelha
    Ou na várzea desparelha
    Sentir o bagual rodando
    Pro índio sair passeando
    Depois de pisar na orelha!

    Quando piá, foi o prazer,
    Que nunca troquei por outro
    Saltar no lombo dum potro
    Quando a manada saía
    - Artes que a gente fazia,
    Se acaso estava solito,
    E depois pregava o grito
    Quando o bagual se perdia!

    Terneiro de marcação,
    Ao se levantar do pialo,
    Já me levava a cavalo
    Ali, bem sobre as cadeira.
    Les digo, é uma brincadeira
    Que a gente faz sem pensar,
    Mas é parte regular
    Da aprendizagem campeira!

    E cheguei até a pensar,
    Pobre guri sem estudo,
    No lombo dum colmilhudo
    Mais quente que amor de prima,
    Que Deus não fez melhor rima
    Do que as esporas cantando,
    Um redomão corcoveando
    E um índio grudado em cima!

    Cresci sabendo que o chucro
    Exige muito cuidado
    Mas que o cavalo aporreado
    Exige cuidado e meio.
    Levei algum tombo feio
    De grande e até de pequeno
    Mas cavalo que eu enfreno
    Dá pra dançar num rodeio!

    Mas pra aquele que não sabe
    Ensino como se faz,
    - É a moda do capataz
    Da estância onde fui guri -
    E posso mostrar aqui,
    Em linguagem resumida,
    As passagens dessa lida
    Da forma que eu aprendi.

    Me ajuda, amigo parceiro,
    Pega um laço, eu pego outro,
    Laça de vereda o potro
    Bem ali contra o gargalo
    Deixa que corra que eu pialo
    E enforca, que se boleia,
    E antes mesmo da maneia
    Mete o buçal no cavalo!

    Depois enfia o boçal,
    Porque o bagual não se amima,
    Que a língua fique por cima
    E bem cuidado o arrocho.
    E se for de queixo roxo,
    É bom dar algum tirão
    Que já levante do chão
    Meio tonto e garrão frouxo!

    Deixa, antes disso, o cabresto
    Apresilhado no laço,
    Pra evitar um manotaço
    Se o bagual le toma a frente
    - Nunca é demais ser prudente
    Lidando com animal.
    Se golpear, não puxe mal,
    Pra evitar que se arrebente.

    E depois de agarrar firme,
    No mão direita, o fiador,
    Leva a outra, sem temor,
    Na orelha esquerda do guacho
    E puxa firme, pra baixo,
    Mas tendo sempre o cuidado
    Pra que o bagual desconfiado
    Não enxergue onde me acho!

    Olha bem como se faz
    Vai a carona primeiro,
    Pois nem precisa bacheiro
    Nessa primeira encilhada.
    Lombilho, cincha apertada
    Bem sobre o osso do peito.
    Rabicho, pra agarrar jeito,
    Pelegos, cinchão, mais nada!

    Dá um nó nas rédeas, parceiro,
    Que a cousa fique parelha
    E depois me deixa a orelha
    E vai montando no más -
    Aprende como se faz,
    Pra que nada te aconteça,
    Cuida do potro a cabeça
    e atira o corpo pra trás!

    Não te preocupa com cerca,
    Que tu não anda sozinho,
    Saio junto e amadrinho
    Pra que não haja desconto.
    Finca-lhe o mango, de pronto,
    E as chilenas, mas cuidado
    Não olha pra nenhum lado
    Pra mode não ficar tonto!

    E ao passear tuas chilenas
    Das paletas à virilha,
    Vendo as gramas da coxilha
    Ora bem longe, ora perto,
    Tu compreenderás, por certo,
    Essa atração sem igual
    Que exerce em nós um bagual
    Berrando um cmapo aberto!

    Quando os corcovos pararem
    Deixa correr e golpeia,
    Flocha o corpo e ladeia,
    Puxando em cada costado
    Que o potro que é bem golpeado
    Ds queixos, não se retova,
    E já na terceira sova,
    Quando esbarra, está domado!

    Essa é a primeira lição,
    Mas não esquece parceiro,
    Do que te diz um campeiro,
    Que não foi arrocinado:
    - Um flete só é bem domado
    Quando é manso de garupa
    Pra poder levar num upa
    A china do nosso agrado.


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