Cantiga Do Monte

A Beleza e a Melancolia em 'Cantiga Do Monte' de José Afonso

A música 'Cantiga Do Monte' de José Afonso é uma obra poética que evoca imagens naturais e sentimentos profundos. A letra é rica em metáforas e simbolismos, transportando o ouvinte para um cenário de beleza e melancolia. A 'fragância morena' e o 'portal de marfim' sugerem uma entrada para um mundo encantado, onde a natureza é personificada e chama pelo eu lírico. A 'ondina açucena' pode ser vista como uma ninfa das águas, uma figura mitológica que reforça a conexão com a natureza e o misticismo.

A canção continua a explorar essa relação com a natureza, mencionando a 'clareira do ar' e a 'flor da montanha'. Essas imagens evocam um sentimento de liberdade e pureza, como se o eu lírico estivesse em comunhão com o ambiente ao seu redor. No entanto, há também uma nota de tristeza e luta, como visto nos versos 'No vento e na fraga / Só luto encontrei'. Essa dualidade entre beleza e sofrimento é uma característica marcante da obra de José Afonso, que muitas vezes aborda temas sociais e existenciais em suas músicas.

A repetição dos versos 'Abriram-se as velas / Mal rompe a manhã' sugere um ciclo contínuo de esperança e desilusão. A 'luz e as trevas' representam os altos e baixos da vida, e a 'louçã' que se vai pode simbolizar a perda de algo precioso. A música termina com uma nota de desafio e resistência, 'Da morte zombando / Na aurora lunar', sugerindo que, apesar das dificuldades, há uma força interior que persiste. 'Cantiga Do Monte' é, portanto, uma reflexão profunda sobre a beleza efêmera da vida e a luta constante que a acompanha.