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Letra

    Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão
    Tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão.
    Nada respondi! calmo assim fiquei!
    Mas, fitando o azul do azul do céu, a lua azul eu te mostrei...
    Mostrando a ti, dos olhos meus correr senti uma nívea lágrima
    E, assim, te respondi! fiquei a sorrir, por ter o prazer
    de ver a lágrima nos olhos a sofrer
    Quando uma impiedade te vier n'alma esfolhar
    Dos agros pesares o nigérrimo pesar,
    A mágoa cruel, a dor mais revel
    A que tem mais fel e que contém o doce mel
    Das flores todas de um vergel....
    A que me faz enlanguescer, dor, que dia a dia,
    Vejo rejuvenescer, tu hás de sentir no peito a sangrar
    O coração gota por gota a soluçar.


    A dor da paixão não tem explicação
    Como definir o que eu só sei sentir!
    È mistér sofrer, para se saber o que no peito
    O coração não quer dizer.
    Pergunte ao luar, travesso e tão taful,
    de noite a chorar na onda toda azul!
    Pergunte ao luar do mar a canção
    Qual o mistério que há na dor de uma paixão.


    Olha como a tulipa envelhece a desmaiar e como languesce
    Num adeus crepuscular, é orfã de amor, toda multicor,
    Ao doce frescor de suspirar, do soluçar
    Da venturosa harmoniosa e generosa viração,
    Suspira e atira suas pétalas no chão!
    Sente a flor brotar! Logo após murchar!
    sente morrer...E a dor da flor hás de entender.


    Se tu desejas saber o que é o amor e sentir o teu calor,
    O amaríssimo travor do seu dulçor,
    Sobe um monte à beira mar ao luar,
    ouve a onda sobre a areia a lacrimar!
    Ouve o silêncio a falar na solidão
    Do calado coração a penar a derramar os prantos seus!
    Ouve o chôro perenal, a dor silente, universal
    e a dor maior que é a dor de Deus.


    Se tu queres mais saber as fontes dos meus ais,
    Poe o ouvido aqui na rósea flor do coração,
    Ouve a inquietação da merencória pulsação...
    Buscará saber qual a razão porque ele vive, assim, tão triste,
    A suspirar, a palpitar, desesperação, a teimar de amar
    Um insensível coração que a ninguém dirá
    No peito ingrato em que ele está
    Mas que ao sepulcro fatalmente o levará.


    Quando Jesus, meigamente solitário no cimo do calvário,
    Seus olhos, indulgente , erguia aos céus.
    Quanta dor, quanta poesia a penar
    Nos seus olhos luzluzia a meditar!
    Não era a dor de não ter esse poder de remir
    A humanidade da eterna atrocidade do sofrer!
    Era, sim, a crúcia pena de sentir por Madalena o coração
    Desfalecer.

    Composição: Catulo / Da P. Cearense / Pedro De Alcântara. Essa informação está errada? Nos avise.

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