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Árvore das Lágrimas

José Fortuna

LetraSignificado

    Numa estrada do nordeste daqui a muita distância
    Existe uma arvore verde, tão verde como a esperança
    Onde o estradeiro que passa em sua sombra descansa.
    Num dia de seca brava, não me lembro qual o mês
    Passei por lá, vi essa arvore, admirado fiquei
    E para um velhinho que estava, ali perto perguntei:

    - por quê é que neste sertão, torrado pelo calor,
    Onde até as aves morreram e a mata se esturricou,
    A lama trincou de dura e só esta arvore não secou?
    Ele disse: “seo moço, nem eu sei bem pruquê é
    Mas deve sê prum milagre que esta arve tá de pé
    Pruque foi neste lugá que morreu minha muié.

    Já faiz bem tempo, seo moço, eu cá muié e um fiínho,
    Pra num morre esfomeado saímo pelos caminho
    Em busca de outras parage como fais os passarinho.
    A despois de longa viagem padecendo fome e frio
    Chegando neste lugá maria não resistiu
    E com o fiínho nos braço pra morrê ela caiu.

    Ajoeiêi gritando: - maria, óie, eu tô aqui juntinho
    Vancê num pode morrê me deixando aqui sozinho
    Sem vancê cumé que eu faço pra criá nosso fiínho?
    Maria já tava morta e meu fiínho a chorá,
    Sobre seu corpo rolava querendo se amamentá
    Até seu corpo sem vida se endurecê e gelá.

    Vi meu fíinho mordendo aquela pele tão fria
    Querendo mamá e aos poucos as suas forças perdia
    E sobre o corpo da mãe, de fome também morria.
    Puis maria num buraco, abraçada com o fiínho
    E como se eles me ouvisse, ia falando sozinho
    E fui enterrando minha vida, aos poucos, devagarinho.

    Fiz uma cruz de aroeira e finquei neste lugá
    Num sei se foi do meu pranto, de tanto e tanto chorá
    Moiando a terra de lágrima essa cruis pegô brotá.
    Os braços da cruis cairo, só o tronco é que agüentô
    Criô gáio, foi crescendo, logo uma arve ficô
    E esta arve que aqui tá, foi a cruiz do meu amor.

    Tudo seca aqui em redor, só esta arve que não
    Pruquê num deixo fartá meu pranto que móia o chão
    São chuva que cai dos zóio, das nuvens do coração.
    Até parece, seo moço, que esta arve tem coração
    O espirito de maria nela feiz reencarnação
    Seus gáio aberto são os braço de maria em oração
    Pedindo a deus numa prece, mande chuva pro sertão.”


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