Man Of The Year

Euforia e dor expostas em “Man Of The Year”, de Juice WRLD

Em “Man Of The Year”, Juice WRLD mistura euforia pop‑punk com confissões diretas. O brinde é amargo: “Sippin' codeine like it's beer” (Tomando codeína como se fosse cerveja) e “Lookin' in the mirror, you look awful” (Olhando no espelho, você parece péssimo) revelam festa e autocrítica lado a lado. A narrativa oscila entre ostentação e vulnerabilidade — “Bottle full of pills, let's have fun” (Garrafa cheia de pílulas, vamos nos divertir) e “No cheap thrills, only rich ones” (Sem prazeres baratos, só os caros) — enquanto “Fire drills, hotter than the Sun” (Simulados de incêndio, mais quente que o Sol) sugere viver em alerta constante. Ele assume o processo artístico em “My ups and downs, I'll jot them down” (Meus altos e baixos, eu vou anotar) e brinda aos “golden years” (anos dourados) em “London town” (Londres), com brilho e cansaço coexistindo.

O refrão expõe o propósito: “I know my lyrics saved you / I helped you break through” (Eu sei que minhas letras salvaram você / Eu te ajudei a seguir em frente) ecoa relatos de fãs que encontraram alívio em suas músicas. A base pop‑punk de início dos anos 2000, com batida enérgica e refrão para cantar alto, intensifica a catarse. Ao mesmo tempo, o hedonismo bravateiro — “We got the world to our backs / fuck 'em forever” (Temos o mundo às nossas costas / que se fodam para sempre), além do triângulo amoroso no lobby — funciona como empoderamento e anestesia; um “middle fingers up” (dedos do meio para cima) que afasta o vazio. Em “Life's a puzzle / I'll prolly be piecing forever” (A vida é um quebra‑cabeça / provavelmente vou montá‑lo para sempre), ele admite que a própria montagem nunca termina.

Após Legends Never Die, surgiu nas plataformas uma versão com segundo verso e instrumentação alterados, reconhecida de uma live no Instagram do próprio Juice WRLD. Esse ajuste póstumo reforça o caráter híbrido da faixa: um brinde barulhento de estética pop‑punk e, por baixo, um diário em revisão sobre fama, fragilidade, excessos e conexão real com o público.