I'm In It

Provocação e vulnerabilidade em “I'm In It” de Kanye West

“I'm In It”, de Kanye West, se destaca pelo uso explícito da sexualidade como forma de desafiar tabus sociais e provocar desconforto. Kanye mistura referências culturais e pessoais de maneira ousada, como no verso “Put my fist in her like a civil rights sign” (“Coloco meu punho nela como um sinal dos direitos civis”), que une conotação sexual e o gesto do punho cerrado, símbolo de resistência do movimento pelos direitos civis. Essa sobreposição de prazer, poder e luta é uma marca do álbum “Yeezus”, conhecido por sua abordagem crua e experimental. A participação do artista jamaicano Assassin traz elementos do dancehall, adicionando agressividade e autenticidade à faixa.

A letra apresenta cenas sexuais explícitas, como em “Eatin' Asian pussy, all I need was sweet and sour sauce” (“Comendo uma buceta asiática, tudo que eu precisava era molho agridoce”), misturando humor ácido, desejo sem filtros e objetificação, o que gerou críticas por misoginia. Apesar do tom provocativo, Kanye também revela vulnerabilidade e autocrítica, como em “I'm so scared of my demons, I go to sleep with a nightlight” (“Tenho tanto medo dos meus demônios que durmo com uma luz de cabeceira”), mostrando que o excesso e a busca por prazer são tentativas de fugir de seus próprios medos. O refrão e as intervenções de Assassin reforçam a postura desafiadora diante das normas sociais, com o “badman ting” representando rebeldia. Assim, “I'm In It” é tanto uma celebração do hedonismo quanto um retrato das contradições internas de Kanye, misturando desejo, poder, crítica social e autodepreciação em uma produção provocativa.