Retina (part. Malu Gadelha)

Reflexão existencial e cotidiano em “Retina (part. Malu Gadelha)”

“Retina (part. Malu Gadelha)”, de Kikito, destaca-se por transformar cenas do dia a dia em uma reflexão sobre percepção e memória. A música utiliza a expressão “registrar com a retina” para abordar como enxergamos e guardamos experiências, trazendo à tona a relação entre o que vivemos e o que permanece em nossa lembrança. O conceito de “Dark Tropical”, explorado por Kikito, aparece tanto na sonoridade quanto na letra, misturando elementos urbanos e naturais — como em “o vaso, o banco, o mar e a Lua” — para criar uma atmosfera que é ao mesmo tempo próxima e introspectiva. A participação de Malu Gadelha, com backing vocals espontâneos, reforça o tom contemplativo e experimental da faixa, resultado da conexão entre os artistas durante a gravação.

A letra sugere uma busca por sentido em meio à variedade de experiências e lugares, como nos versos: “Tanto está associado eu vi / Mas não sei qual é o ponto / Que se encontra tudo”. Essa incerteza sobre onde tudo se conecta reflete uma inquietação existencial, típica de quem observa o mundo com atenção, mas sente dificuldade em encontrar um significado definitivo. O trecho “Posso estar programado a vir / Para ser o que eu não gosto / Mas eu sou no fundo” revela um conflito entre expectativas externas e a verdadeira identidade, sugerindo que, apesar das influências sociais, existe uma essência que resiste. Ao insistir na ideia de registrar tudo com a retina, a música valoriza o olhar atento e a experiência sensorial como formas de dar sentido ao cotidiano.