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Território Inimigo

KL Jay

LetraSignificado

    Trouxe a força de Zeferina na ponta da flecha
    Miro e acerto a testa de facho
    Sei bem que querem meu couro, mas aqui não vai ter brecha
    Minha luta é um ato sem trato com sinhô e capitão do mato

    Sou estrangeira num país que se ergue à minha custa
    Perseguida como Anastácia, mas não falta astúcia
    Corpo preto alvejado pra todo lado com aval do Estado
    Sério que diante disso é meu nariz que assusta?

    Malícia na fuga da milícia que mata Letícias
    Ó o tanto de notícia, essa porra não é fictícia
    O tempo todo é revista!
    Nunca me vi na revista!
    Não me pede calma, sou preta!
    Não posso ser pacifista!

    Tô pra explodir casa grande, bem Django Livre
    Foder mente branca supremacista que me oprime
    De legado, a ginga que não deixa pilantra ileso
    Então diz agora que o quilombo não tem peso?!

    Você viu aquele mano na porta do extra?
    Um racista quem matou
    E a vítima preta não presta

    Se a missão deles é matar um leão por dia
    A nossa sempre vai ser criar 1000 leão por dia

    Em zoológico não, livre em savana
    Afropunk, não é Fernando Holliday moro bacana

    Território inóspito, nóis não morre em hospital
    Trampa muito bem, canta muito bem, vive muito mal
    Se espantam com racismo em reality show
    80 tiros são o que então? Brutality show

    2019 ou 65
    Veja a quem favorecem as leis do seu ministro
    Preto calado é muito bom, nada controverso
    Preto em manifesto agora é racismo reverso

    Enquanto eu converso, vários preto morre
    Em momento adverso os coturno não socorre
    Não é o meu discurso que é de ódio
    Ódio é o quer cê sente quando eu subo no pódio
    Eu vi você
    No cinema aplaudindo um gato preto
    Eu vi você
    Mudar de calçada por causa de um preto
    Eu vi você
    Negar para um preto um bom atendimento
    E desconfiar do atendimento de um cara preto
    Mania de perseguição? Não, meu amigo
    Isso é saber que eu sobrevivo em território inimigo

    Nóis três: Anarka, Amiri e Jota na pista
    Com KL Jay que ‘tufo tufo’ risca

    É isso que chamo de ter bala na agulha
    Tendo o tipo de cor que sempre para a patrulha

    Mas como eu num sou um branco de dread, fato
    Que recebo outro olhar desse bando de pé de pato

    E eu sou equivalente a uns sete gatos
    Preto, por isso o som não entra num set fraco

    É fraco, é metade eu sou fourteen
    Então pode pá black, vem por mim

    Um por amor, dois por amor vim
    Três por dinheiro, e os moleque bem gordin

    Back tô black é que nos wack vim por fim
    Num é que num curto, é que meu rap tem cor sim

    Eu sou ladrão de cena então dispensa teu aval dos boy
    E nesse caso pode pensar que é um assalto, boy!

    Composição: Anarka, Jota Ghetto & Amiri. Essa informação está errada? Nos avise.

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