exibições de letras 761

Sequência de Sonetos 1 (Poesia)

Laécio Beethoven

Letra

    Sequência de Sonetos 1


    Templo


    A minha igreja tem portas imensas
    Grandes colunas de altos telhados
    E seus altares são ornamentados
    Para acolher as mais diversas crenças.

    Ali se travam discussões intensas
    E é comum ter credos confrontados
    Os que lá entram são estimulados
    A questionar antigas diferenças.

    Nela se prega a paz de consciência
    Também se exalta a boa convivência
    Sem precisar de papos enfadonhos.

    Sua existência é transcendental
    E seu mais nobre diferencial
    É ser o templo pra todos os sonhos.

    A Arte

    Conquanto evoque todo seu talento
    Vez que o poeta não vê a saída.
    Tenta exteriorizar seu pensamento
    E a arte não se aflora em sua lida.

    "Tarda-lhe a idéia! A inspiração lhe tarda!
    E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
    Como o soldado que rasgou a farda
    No desespero do último momento!."

    Agora o impasse! Renova a energia
    E voltando ao estado de estesia
    Conclui, assim, o primeiro terceto.

    Analisa os poemas de outras lavras
    E destrinça os sentidos das palavras
    Pra chegar ao final deste soneto.

    A Idéia

    Eu me encontro em estado de poeta
    Assim penso e me ocorre a ousadia
    De tentar uma estranha parceria,
    Donde vem essa idéia que decreta?

    "Vem da psicogenética e alta luta
    Do feixe de moléculas nervosas
    Que, em desintegrações maravilhosas
    Delibera, e depois, quer e executa."

    É idéia... desenvolve, não quieta
    Incorpora um quarteto da seleta
    Desse denso universo augustiano.

    Ficam claras as águas nebulosas
    E por força de atrações misteriosas
    Sou parceiro do vate paraibano.

    A Inspiração

    Deste Mundo perdi a sintonia
    Vindo um surto de grande inspiração
    Que aflorou o poder da criação
    E ao verso deu toda autonomia.

    Entrei no mágico mundo da poesia,
    Naquele estado de transmutação
    E só sob o comando da emoção,
    Do imponderável mais a fantasia

    Minha mente foi pega de surpresa
    O meu verso fluiu com inteireza
    E poetei segundo por segundo.

    De repente, senti grave problema:
    A inspiração findou, com o poema,
    E voltei bruscamente a este Mundo.

    A Luz

    Penso, logo... questiono por que penso
    E como o cérebro faz esses arranjos
    Que o nosso vate Augusto dos Anjos
    Poetizou de modo tão intenso:

    "A vida vem do éter que se condensa
    Mas o que mais no Cosmos me entusiasma
    É a esfera microscópica do plasma
    Fazer a luz do cérebro que pensa."

    Por que será que há condensações
    Que geram gênios de grandes invenções
    E outras tantas, a mediocridade?.

    Saber da luz - que é, por que e quando -
    Sempre pensando, pensando e pensando...
    Assim caminha a Humanidade.

    A Visão


    "Quando o homem, resgatado da cegueira,
    Vê Deus num simples grão de argila errante,
    Nasce, pra ele, neste mesmo instante
    A mineralogia derradeira!".

    Conclui que tudo de um só Deus emana,
    Seja na Terra ou na tropopausa,
    Pois não existe efeito sem ter causa,
    É axioma da ciência humana.

    O homem, neste instante, assimila
    Que Deus é origem do grão de argila
    Causa primária de tudo que existe.

    Vê em Deus a suprema inteligência
    - A chamada divina providência -
    E então, só na Verdade assim persiste.

    O Amor


    Em soneto, Camões foi convincente:
    "Amor é um fogo que arde sem se ver
    É um não querer mais que bem querer
    É ferida que dói, e não se sente".

    "Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
    O amor na Humanidade é uma mentira.
    É. E é por isto que na minha lira
    De amores fúteis poucas vezes falo".

    Se só de amor sagrado foi um crente
    Me alio neste tema recorrente
    Ao poetar do vate português

    Que teve essa inspiração de estalo
    E usou soneto para bem focá-lo
    Lá nos idos do século dezesseis.

    O Soneto

    Fitei a fim o branco do papel
    Para ali escrever mais um soneto
    Mas eu já chego ao fim deste quarteto
    Sem que o lápis roçasse em meu anel.

    Botei rima e com ela sou fiel
    Pois não acho este estilo obsoleto.
    Finalizo esta estrofe e me arremeto
    Indo em frente com ânsia de tropel.

    Imagino um soneto assim faceto,
    Concebido no subconsciente,
    Ao passar para o último terceto.

    Quando aponto o meu lápis, finalmente,
    Já não é mais um simples esqueleto:
    O soneto está pronto em minha mente!

    Composição: Carlos Araújo / Laécio Beethoven Voz. Essa informação está errada? Nos avise.

    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Laécio Beethoven e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção