Pé No Chão (part. Borges e Vulgo Fk)

Conflitos de origem e ascensão em “Pé No Chão (part. Borges e Vulgo Fk)”

Em “Pé No Chão (part. Borges e Vulgo Fk)”, Leviano, Borges e Vulgo Fk utilizam versos em árabe logo no início e ao longo da música para reforçar o sentimento de deslocamento e solidão. Essa escolha conecta a experiência dos artistas à ideia de ser "estrangeiro em terra alheia", destacando a influência multicultural e a sensação de isolamento que muitos jovens das periferias sentem ao buscar ascensão social. Mesmo após conquistar status e riqueza, a luta por reconhecimento e pertencimento permanece, mostrando que esses desafios são universais.

A expressão "pé colado no chão" é a metáfora central da música, simbolizando a busca por estabilidade e autenticidade diante da ostentação de joias, carros importados e roupas de grife. No verso “até um cego pode ver o que eu lancei no cordão”, o artista exibe conquistas materiais, mas faz questão de mostrar que não perdeu a conexão com suas origens. O contraste entre o luxo e referências à venda de "carga" e ao "pente de 30" (carregador de arma) evidencia uma trajetória de superação, mas também a permanência de riscos e dilemas típicos das comunidades. Versos como “vários diamantes branco e preto, eu não tenho preconceito” e “como toda fã do mesmo jeito, eu não tenho preconceito” usam a ostentação para afirmar uma postura de igualdade e inclusão. A música também aborda a desconfiança e o julgamento externo, como em “quem não é meu fã me odeia, até meus fãs me odeiam”, mostrando que o sucesso não elimina a sensação de rejeição. O tom direto e a mistura de línguas reforçam a importância de manter os pés no chão diante dos desafios do novo patamar social.