Rio da Lua

Metáforas de transformação e entrega em “Rio da Lua”

Em “Rio da Lua”, Lô Borges inverte seu processo criativo habitual ao compor a melodia para letras já prontas de Nelson Angelo. Essa mudança se reflete na leveza e naturalidade das imagens presentes na canção. O rio, citado no título e ao longo da letra, funciona como uma metáfora para o início de um amor, marcado por encantamento e entrega. Isso fica claro em versos como “Em suas águas tranquilas eu sem pensar embarcava / Numa canoa de sonhos, querendo só ser feliz”, onde o rio simboliza tanto a tranquilidade quanto o desejo de se deixar levar pelo sentimento, sem medo ou arrependimento.

A música também reconhece as dificuldades inevitáveis dos relacionamentos, representadas por elementos como “pedras” e “mar revolto”. Esses símbolos remetem aos desafios e mudanças que surgem ao longo do tempo. A frase “Nem percebi o amor que vinha fazendo tudo” mostra que, mesmo diante das adversidades, o amor atua de forma silenciosa e profunda. O refrão “Virou o rio da lua e o rio da lua em mim” reforça como essas experiências, sejam elas suaves ou turbulentas, acabam transformando a pessoa. Assim, o rio – e o amor – tornam-se parte essencial de quem se é. O tom nostálgico e reflexivo da música convida à aceitação das mudanças e à valorização dos momentos felizes, mesmo sabendo que eles podem se transformar com o tempo.