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Do Nada Choveu / Caso Pluvioso

Lucas Kellen

Letra

    Com ar de bossa e blues
    A vida passa devagar
    Na cabeça um sorriso em forma de lembrança

    Com ar de rock 'n' roll
    Tudo toma o seu lugar
    Ciranda a dois, mamihlapinatapai

    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (ah, ah)
    Mas estava Sol

    Escureceu (do nada choveu)
    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (ah, ah)
    Mas estava Sol

    A chuva me irritava, até que um dia
    Descobri que Maria é que chovia
    A chuva era Maria e cada pingo
    De Maria ensopava o meu domingo

    E meus ossos molhando, me deixava
    Como terra que a chuva lavra e lava
    Eu era todo barro, sem verdura
    Maria, chuvosíssima criatura!

    Ela chovia em mim, em cada gesto
    Pensamento, desejo, sono, e o resto
    Era chuva fininha e chuva grossa
    Matinal e noturna, ativa, nossa!

    Não me chovas, Maria, mais que o justo
    Chuvisco de um momento, apenas susto
    Não me inundes de teu líquido plasma
    Não sejas tão aquático fantasma!

    Eu lhe dizia em vão, pois que Maria
    Quanto mais eu rogava, mais chovia
    E chuveirando atroz em meu caminho
    O deixava banhado em triste vinho

    Que não aquece, pois, água de chuva
    Mosto é de cinza, não de boa uva
    Chuvadeira Maria, chuvadonha
    Chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha

    Eu lhe gritava: Para! E ela chovendo
    Poças d'água gelada ia tecendo
    E choveu tanto Maria em minha casa
    Que a correnteza forte criou asa

    E um rio se formou, ou mar, não sei
    Sei apenas que nele me afundei
    E quanto mais as ondas me levavam
    As fontes de Maria mais chuvavam

    De sorte que com pouco, e sem recurso
    As coisas se lançaram no seu curso
    E eis o mundo molhado e sovertido
    Sob aquele sinistro e atro chuvido

    Os seres mais estranhos se juntando
    Na mesma aquosa pasta iam clamando
    Contra essa chuva estúpida e mortal
    Catarata (jamais houve outra igual)

    Anti-petendam cânticos se ouviram
    Que nada! As cordas d'água mais deliram
    E Maria, torneira desatada
    Mais se dilata em sua chuvarada

    Os navios soçobram continentes
    Já submergem com todos os viventes
    E Maria chovendo, eis que a essa altura
    Delida e fluida a humana enfibratura

    E a terra não sofrendo tal chuvência
    Comoveu-se a divina providência
    E Deus, piedoso e enérgico, bradou
    Não chove mais, Maria! E ela parou

    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (ah, ah)
    Mas estava Sol

    Escureceu (do nada choveu)
    Do nada choveu (do nada choveu)
    Do nada choveu (ah, ah)
    Mas estava Sol

    Composição: Carlos Drummond de Andrade / Gabriel De Oliveira / Lucas Kellen. Essa informação está errada? Nos avise.

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