O Trem da Saudade

O tempo nos levou
Para longe, lá atrás
Ficou o bom da vida
Que não volta jamais

Na gare de Santa Maria
Cidade das ferrovias
Sonhos risonhos e tristonhos
Rumo à capital

Lembro Camobi e Restinga
Na janela a passar
O apito corta o vento
O sonho a balançar

Este trem da lembrança
Que me faz recordar
Os tempos de criança
A vida para se levar

O tempo nos levou
Para longe, lá atrás
Ficou o bom da vida
Que não volta jamais

Estação Cachoeira
Estação Pederneiras
O ferro canta nos trilhos
Como querendo falar

E não dá para esquecer
A meninada gritando
Olha o peixe frito!
Olha o sonho de Rio Pardo!

Fanfa, triste estação
Lembra a fatalidade
Reza em cada vagão
Deus tenha piedade

O tempo nos levou
Para longe, lá atrás
Ficou o bom da vida
Que não volta jamais

Cada estação nos acena
Com sua placa enferrujada
Como quem guarda segredos
De uma história inacabada

E chegando a capital
A multidão desaparece
Da mesma pressa parece
Que todo mundo padece

O progresso constante
A ternura chegou no final
Se perdeu da vida o melhor
Em troca do vil metal

Vivemos em busca
De grande e falsa riqueza
E como um velho trem
Vivemos sem estação final

O tempo nos levou
Para longe, lá atrás
Ficou o bom da vida
Que não volta jamais