Lágrimas Verdes
Atrás ficam as luzes
Das ruas adormecidas
E eu me afasto sem pressa
De meu San Salvador
Vozes ao amanhecer
Se escutam lá de cima
E é um eco na risada
De algum que não dormiu
Me vejo em um remanso
Do peito do rio Chico
Recolho seus segredos
E a Yala me diz adeus
De pouquinho minha quena
Vai incendiando lapachos
Um ceibo por Lozano
Canta vermelho de amor
Quem sabe se uma tarde
Embriagado de Puna
Um salgueiro me emprestará
Seu choro de ramos
E eu encontre seus olhos
E em suas lágrimas verdes
Me conte o que sente
Ao lembrar do meu amor
O marrom dos seus olhos
Se amanhece em Tumbaya
E peço à minha Virgem
Lá em Punta Corral
Que te alegre os dias
Embora eu me desangre
Tocando meu charango
Sei que não voltarás
A tarde pinta telas
De cerro em Purmamarca
Se apaixona em Tilcara
Canta no Pucará
Me beija o Rio Grande
Com sua boca de argila
Em suas mãos de pedra
Carrega minha solidão
Quem sabe se uma tarde
Embriagado de Puna
Um salgueiro me emprestará
Seu choro de ramos
E eu encontre seus olhos
E em suas lágrimas verdes
Me conte o que sente
Ao lembrar do meu amor