Andrógino

Sou fera, sou máquina. sou esfera, sou a prata e o terço final.
Sou o amor e o ódio. compulsório, ilusório, um ser divinal.
Sou o medo e a coragem. o fracasso e os regalos de um lapso mental.
Sou poro, sou gemido. a semente tão infrene de um romance carnal.

Sou quimera ou teseu? afrodite ou perseu?
Sou o cosmos. quem sou eu?

Sou a lança e o perfume, a mordaça e o ciúme. quem sou eu?
O reflexo e a imagem. sou o beijo e o escarro nos olhos do ateu.
O abrigo e o abandono. a chegada e a partida de quem não prometeu.
Sou a espera e o desencontro. sou o alfa e o ômega. quem sou eu?

Sou quimera ou teseu? afrodite ou perseu?
Sou o cosmos. quem sou eu?

Sou a treva e o nirvana. a descrença, dalai lama... quem sou eu?
Sou a cura e o abismo. o escárnio e o martírio de quem nunca sofreu.
Sou a pedra e o espinho. a vingança. desalinho de quem nunca temeu.
Sou o fogo e o dilúvio. sou pandora ou mercúrio, no duelo de zeus?

Sou quimera ou teseu? afrodite ou perseu?
Sou o cosmos. quem sou eu?