exibições de letras 1.111

São Gonçalo e o Tinhoso do Pé Redondo

Luiz Salgado

Letra

    São Gonçalo do Amarante
    Que é violêro dos bão
    Foi chamado pra uma disputa
    Pra resorvê uma labuta
    De viola com o cão

    São Gonçalo, tocadô
    De viola abençoada
    Foi chamado pra livrá
    A alma de um violêro
    Que na hora do desespêro
    Foi pará na incruziada
    Acendeu uma vela preta
    Na intenção do capeta
    Esse pobre violêro
    Se apegô na inlusão
    Que teno parte com o cão
    Teria os dedo mais ligêro

    As regra era as seguinte
    Desse terrível duelo
    Num ia tê parabelo
    E nem tê bala no peito
    As arma era as viola
    De dez corda, caipira
    E num pense que é mentira
    Essa minha conversa
    O diabo ia tocá
    São Gonçalo respostá
    Dispois disso, vice - versa
    São Gonçalo dava o mote
    O diabo no rebote
    Tinha que arrematá
    Dispois de tudo isso feito
    Levava a alma do sujeito
    Quem dos dois mió tocá
    Iam sê observado
    Pelo corpo de jurado
    Que as nota ia dá
    Os quesito analisado
    Pela mesa que assistia
    Ia sê a melodia
    Mão esquerda, mão direita
    Nessa parte, o capeta
    Já saiu na diantêra
    Pra desespêro do cabôco
    Que ia veno aos pôco
    Sua alma na foguêra

    Chegô a vêiz de São Gonçalo
    Rebatê o caramulhão
    Pegô a viola no chão
    Encostô ela no peito
    E sem tê nenhum defeito
    Terminô sua função
    O diabo encabulado
    Pôis a viola de lado
    Enquanto isso os jurado
    Dava a pontuação

    Era a vêiz de São Gonçalo
    Começá o seu ponteio
    Foi solano inté o meio
    Do braço da violinha
    A mão ia, dispois vinha
    Na maió das ligerêza
    E o diabo com tristeza
    Sem sabê cume que pode
    Tocá tão bem esse santo
    Que pra causá maió espanto
    Terminô com um pagode

    O capeta indignado
    Foi tirá satisfação
    Como o santo violêro
    Tem os dedo tão ligêro
    Sem tê parte com o cão?
    São Gonçalo então falô
    Que teve bão professô
    Que teve boa escola
    Disse que quem lhe ensinô
    Foi Deus, Nosso Senhô
    Que tamém toca viola

    A alma do violêro
    Finalmente foi liberta
    E a paisage deserta
    Que ladiava seu esprito
    Virô um campo bunito
    Graças a Deus e São Gonçalo
    Violêro criô calo
    Bem na ponta dos seus dedo
    Quando descobriu o segredo
    Pra sê um bom tocadô
    Tê amô pela viola
    Pegá nela todo dia
    E tocá com alegria
    Esqueceno toda dô

    O capeta dispois disso
    Já num toca e nem canta
    Pois viu que é coisa santa
    A viola caipira
    Cês pensa que é mentira
    Mas isso que aconteceu
    Eu vi tudo de perto
    Sei que o relato é certo
    Pois o violêro sou eu.


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Luiz Salgado e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção