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Excalibur (remix) (part. Salus)

Álvaro Mamute

Letra

    Eu tinha uma letra escrita
    Um beat pronto
    Outros amigos compondo
    Eu tava pronto pra escrever
    Prestes a estrear um conto
    Que eu nunca contei
    Mas sei que só de sair de mim
    É uma história
    De pobre e de rei e assim
    Eu sei que atingi a meia idade
    De quem era atingido
    Na idade média

    Pelas rédeas da vida
    Sem saída, e que só pede a
    Todo mundo que por ela
    Passasse um pedaço de si
    Sem dó, na ré que é
    Sair daí e vir aqui
    Pra ouvir que já há muito tempo
    Eu tô na linha sucessória
    De fazer história
    Dou lances em lotes
    Da minha própria memória
    E como Galahad
    O perfeito que nunca erra
    Eu subo a serra
    Sem alarde, sendo prefeito
    Na terra em que
    Ninguém me supera
    Era pra ser Arthur
    Mas vim Álvaro
    Nunca entendi por conta de que
    Se eu fiz as contas todas certas
    Conta pra mim
    Como que eu fui me fuder
    Rimo por cima de sample

    Na arte sou um
    Pequeno gafanhoto
    Nascido na terra
    Em que todo Bill é canhoto
    Sem medo de capiroto
    Eu amo a dama do rio
    E de janeiro
    A qualquer momento
    Só de estar com ela eu sorrio
    Sou frio, por fogo nas bruxas
    É o que me esquenta
    Das que se fala nas ruas
    Eu só respeito A Lenda
    Eu tenho o Santo Graal
    Agradeço ao Marcelo Gugu
    E tantos outros MCs
    Que me inspiram a ser
    Um pouco mais
    Que nem o ET Bilu
    E buscar conhecimento
    Sou lento, demorei a entender
    Que eu tinha talento
    Diga a Merlin que
    O que ele não souber fazer
    Eu vou lá, dou meu jeito
    E invento

    Caçar assombração
    Nos castelos daqui
    Nunca me fez jus
    Passar missão de chinelo
    Na verdade é a força
    Que me conduz
    Tiro sangue e pus
    O dedo ferido adentro
    Abre a porta, eu entro
    Mostre o mundo
    Que eu vou lá e enfrento
    Eu tenho essa mania chata
    De ser anacrônico, memento
    Uma arte de estar atrás
    E a frente do seu próprio tempo
    Eu sou a lei que não se dá bem
    Com a ideia de vassalagem
    Mas sou a suserania
    A qual não compete
    Nenhum tipo de vassalagem
    A sua falta de constituição moral
    Tira meu viés total
    E esqueço que escrevo pra mim
    E foco só em vencer o mal
    Salafrário, num tempo
    Em que tantos
    Se escondem no armário
    Eu visto o elmo, em frente
    Avante cavaleiro templário
    É temporário? Talvez

    Eu nunca entendi
    Quando acaba a minha vez
    E começa a dos outros
    Sou mouro mas
    Sempre venerei os seus reis
    O problema é que
    Quando entendi a incongruência
    Doeu no couro
    E como um touro sedento
    Eu fui lá e saqueei todo o seu ouro
    Eu nunca estouro
    Nunca fui revolução alguma
    Na balança do destino
    Meu coração iguala a pluma
    Minha alma fuma
    Minha cabeça bebe, e segue
    Pensando como eu posso
    Agradar a plebe
    E enseja que seja ainda
    Mais puro que a
    Mais amarga cerveja

    E nessa guerra sem santos
    Eu brado a minha excalibur
    Taco fogo em tudo
    De Krakaton a Licancabur
    Ce n’est pas un calembour
    De Jerusalém a Ur
    Eu sou quem eles venerem
    De Nippur a Azincouty

    Tinha meus onze anos
    Era gago, ato e pensamento vago
    E o que ganhei foi uma bic
    Da dama do lago
    Eu que sempre fui falho
    Com métrica e linha
    Usei a bic pra sair da média
    Na metade da minha vida
    E vi que não precisa ser mestiço
    Ou bastardo pra ser exilado
    Na real?
    Nem é preciso estar errado
    Sou seu mestre de armas
    E domo qualquer cavalo
    Até de Tróia
    Mas tive meu coração roubado
    Não me culpe outra vez
    É errado eu sei
    Mas o buraco em meu peito
    Nunca teve o nome de um rei
    Ansiei pelas passagens e ritos
    Nomearam-me Merlin
    Sem conhecer nenhum
    Dos feitiços
    Decepção
    Títulos são apenas títulos
    Como dizer que é vivo
    Sem nunca nem ter vivido

    Era pra ser Arthur
    Mas vim Gustavo
    E seu muito bem o porquê
    Se eu fosse rei imagina
    A merda que isso ia ser
    Plano em governo?
    Discurso que sempre evitei
    Entalhei rimas na pedra
    E quem tirar vira rei
    Eu sei
    Fui Maximus em coliseus
    Também fui o Máximo
    Pra amigos meus
    Pois bem pesadelos
    Pra alguns dos seus
    Meu bem, tocando
    Eu fui Orfeu
    Meus dias se resumem
    Em matas Dragões
    Enquanto outros se exaurem
    Com os seus leões

    Banhei minha caneta
    Com sangue
    Corações sou o guerreiro
    Que foi além das constelações
    Mas sou só um foragido
    Sobrevivendo às cruzadas
    Um paladino perdido
    Que já não sabe de nada
    Piada nem foi contada
    Minha história
    E riram como do Arthur
    Antes da espada e glória
    Olha, não é à toa
    Que eu vivo insonio
    Pois queimei as bruxas
    Mas não matei meus demônios


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