Cortejo de mentiras

Cortejo de mentiras

Cortejo de mentiras

Lembro que ao morrer me dizia,Recuerdo que al morirse me decía,
enquanto afogava sua imensa dor,mientras ahogaba su tremenda pena,
agora que se vai sua pobre amigaahora que se va tu pobre amiga
o povo vai dizer que fui um amor.la gente te dirá que he sido buena.
Mais tarde, a compaixão e os abraços,Más tarde, la piedad y los abrazos,
chegaram nas minhas horas mais amargas,llegaron a mis horas más amargas,
como chegam ao circo os palhaçoscomo llegan al circo los payasos
pra rir ou chorar, conforme a farsa.a reír o a llorar, según la farsa.

Ontem, os pisotões e as risadas,Ayer, los pisotones y las risas,
abafaram seu grito de redenção.ahogaron su clamor de redención.
Agora, que vai rumo às cinzas,Ahora, que va rumbo a las cenizas,
jogam essas migalhas de choro e perdão.le arrojan esas migas de llanto y de perdón.
Não quero esse cortejo de mentiras,No quiero este cortejo de mentiras,
se com ela já perdi tudo que eu tinha.si con ella ya todo lo perdí.
Essa festa de flores e oraçõesEsta fiesta de flores y plegarias
é a zombaria mais cruel que eu já vi.es la burla más cruel que conocí.

Agora, que é de neve e silêncio,Ahora, que es de nieve y de silencio,
um cortejo de lágrimas a segue.un cortejo de lágrimas la sigue.
Agora, que a paz chegou ao seu corpo,Ahora, que la paz llegó a su cuerpo,
os mesmos que a feriram a bendizem.los mismos que la hirieron la bendicen.
Onde encontram compaixão os cruéis,Dónde encuentran piedad los despiadados,
pra quem agora choram tanto,a la misma que ahora lloran tanto,
por que quando vivia lhe negarampor qué cuándo vivía le negaron
um lenço de amor pra seu pranto.un pañuelo de amor para su llanto.