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Letra

    Lisboa, Cais do Sodré:
    Quando chega a noite
    Com suas caras fugidias,
    Olhos dilatados pelo assombro
    Deixamos que a cidade nos invada,
    Fantasma a embriagar-nos de luz e côr
    Num sonho de mil e uma fantasias,
    O desejo cruzando os neons
    Em projecções plásticas...

    O dealer roubou-me,
    Levou-me a alma!
    Rai's parta o dealer!

    E se depois, ao acordarmos,
    Acaso reparamos na escuridão que nos cerca,
    No leve restolhar que vem do lúgubre canto,
    Somos tomados por uma enorme letargia
    Que nos deixa permeáveis
    Ao frio da madrugada.
    É então que as ratazanas,
    Abandonando as trevas,
    Ficam estáticas, silenciosas,
    A verem-nos ir, equilibrando o passo,
    Por entre as sombras e o lixo...

    O dealer roubou-me,
    Levou-me a alma!
    Rai's parta o dealer!

    Táxi!
    Casal Ventoso, se faz favor!

    Composição: Adolfo Luxúria Canibal / Carlos Fortes. Essa informação está errada? Nos avise.

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