A Pele Que Há Em Mim

Reconstrução e recomeço em "A Pele Que Há Em Mim"

"A Pele Que Há Em Mim", interpretada por Márcia com JP Simões, aborda o fim de um relacionamento como um processo de autodescoberta e reconstrução pessoal. A letra utiliza imagens de espaço e movimento, como “dá-me mar, o meu rio, minha calçada”, para expressar o desejo de retornar ao próprio território emocional. Esses elementos simbolizam a busca por liberdade e pertencimento, mostrando que superar o término envolve recuperar o que é íntimo e familiar.

A canção constrói uma atmosfera introspectiva e melancólica ao descrever cenas sensoriais e corporais, como “o teu corpo tocou num recanto do meu” e “o sangue arrefeceu”. Esses versos evidenciam tanto a intensidade do vínculo quanto o vazio emocional após a separação. O refrão, ao pedir de volta espaços do cotidiano, como “dá-me um quarto vazio da minha casa”, destaca a necessidade de um espaço próprio, livre das marcas do outro. Já o trecho “Vou deixar-te no fio da tua fala / Sobre a pele que há em mim / Tu não sabes nada” mostra a distância emocional que se instala, mesmo com lembranças ainda presentes.

No final, a letra assume um tom de aceitação e libertação: “Mas a mágoa não mora mais em mim / Já passou / Desgastei pra' lá do fim”. A superação aparece como um processo gradual, em que a dor se esgota e surge a vontade de seguir em frente. O pedido por “mar”, “estrada” e “barco vazio” reforça a metáfora do recomeço, indicando que é preciso partir para voltar a viver. Assim, a música transforma o término em um convite à reconexão com a própria essência, equilibrando vulnerabilidade e força.