Otra Cicatriz

Outra Cicatriz

Otra Cicatriz

Quero que me espere em outra vidaQuiero que me espere en otra vida
Uma Lua de seios caídos queUna Luna de tetas caídas que
Com o presente se enfeiteCon presente se engalane
Outro calendário enlouquecidoOtro calendario enloquecido
Com o qual limpar o olho e talvezCon el que limpiarme el ojo y puede ser
A língua se descontroleQue la lengua se desmadre

E talvez pare de fumegarY puede que deje de humear
O travesseiro calcinado que pus a pensarLa almohada calcinada que puse a cavilar
Que troveje, que pare de penarQue atruene, que deje de penar
Minha boca adormecidaMi boca adormilada
Que cuspa outra estrela cadenteQue escupa otra estrella fugaz

Sei que a manhã sabiaSé que la mañana lo sabía
Pela reverência que me fazia ao verPor la reverencia que me hacía al ver
Tanto peito, tanto alardeTanto pecho, tanto alarde
Tanto rabo de leão adormecidoTanto rabo de león dormido
E o ronco do rato que sabe queY el ronqueo del ratón que sabe que
Sempre é tarde demaisSiempre es demasiado tarde

E talvez tenha que passarY puede que tenga que planchar
A roupa do poeta que o acaso me deixouLa muda de poeta que me dejó el azar
Se você vier, o temporal se afastaSi vienes, se aleja el temporal
Desfilam os cometasDesfilan los cometas

Volto a desfazer a cicatrizVuelvo a descoser la cicatriz
Que o esquecimento fechou de par em parQue de par en par cerró el olvido
Volto e sempre voltarei por vocêVuelvo y volveré siempre por ti
Enquanto o sangue brotar do umbigoMientras brote sangre del ombligo

Eu juro que quero e não possoTe juro que quiero y no puedo
Deixar de procurar a cançãoDejar de buscar la canción
Que não tema pisar na gramaQue no tema pisar la hierba
Eu juro que posso e não queroTe juro que puedo y no quiero
Jogar as palavras ao vento e queEchar las palabras al vuelo y que
Ao voarem, se percamAl revolotear, se pierdan