AUTOMÁTICO

Desejo no volante em “AUTOMÁTICO” de Maria Becerra

Em “AUTOMÁTICO”, Maria Becerra junta reggaeton “old school” à metáfora automobilística para falar de desejo, poder e controle, em diálogo direto com os pioneiros do gênero. O refrão “Ponlo en automático, sé mi fanático” (coloca no automático, seja meu fã) tem dupla leitura: é deixar o corpo no “piloto automático” e, ao mesmo tempo, um comando sensual que a coloca no volante. A própria criação foi espontânea — a melodia nasceu num áudio de WhatsApp depois do supermercado — e essa fluidez combina com a ideia de deixar o ritmo e a química “rodarem sozinhos”. O clima é de festa e velocidade, com autoconfiança nas linhas “A 150, aunque no haya prisa” (a 150, embora não haja pressa) e “Dale fondo, papi, acelera” (pé no fundo, papi, acelera), como quem dita as regras da pista e do encontro.

As imagens de carro traduzem a intimidade em adrenalina: “caño de escape” (cano de escape), “luz verde” (luz verde), “bandera” (bandeira), “cinturón te lo desate” (eu tiro seu cinto), “parabrisa’” (para-brisa) e “neumático’” (pneu) levam os duplos sentidos ao corpo e ao prazer, enquanto “dentro del auto nos armamos un party” (dentro do carro armamos uma festa) fecha a cena no interior do veículo. As citações “vamos a meterle gasolina” (vamos botar gasolina) e “al ritmo de Dale Don Dale” (ao ritmo de Dale Don Dale) homenageiam Daddy Yankee e Don Omar, reforçadas pelo clipe em oficina mecânica, com vibração Velozes e Furiosos. “Este Ferrari-ari… made in Argentina” (este Ferrari-ari… feito na Argentina) afirma identidade e potência locais. Repetido em loop, o refrão mantém o motor ligado até o fim — desejo em alta rotação, sedução com controle e a assinatura confiante de La Nena de Argentina, coroada por aplausos da crítica e indicação ao Grammy Latino.