Mirra, Ouro, Incenso

Despojamento e Desilusão em 'Mirra, Ouro, Incenso'

A música 'Mirra, Ouro, Incenso' de Martinho da Vila, em parceria com Hermínio Bello de Carvalho, é uma obra que explora temas de despojamento, sacrifício e desilusão. A letra começa com o eu lírico oferecendo presentes valiosos, como alfazema, mirra, ouro e incenso, que são tradicionalmente associados a oferendas sagradas e presentes de grande valor. Esses elementos simbolizam a entrega total e a devoção do eu lírico a alguém que ele considera especial, quase divino.

No decorrer da música, o eu lírico revela que, apesar de ter se despojado de seus bens e legados, seus esforços não foram recompensados. Ele construiu um 'presépio de areia' e 'dourei seus caminhos de luz', metáforas que indicam a criação de um ambiente idealizado e cheio de esperança. No entanto, a desilusão se instala quando ele percebe que a pessoa a quem dedicou tanto nunca valorizou ou sequer pisou nesse caminho iluminado e cheio de estrelas, pintadas por Orestes, um artista que pode simbolizar a beleza e a arte.

A música, portanto, é uma reflexão sobre o sacrifício e a entrega em relacionamentos, e como esses gestos podem ser em vão quando não são valorizados pela outra parte. A desilusão do eu lírico é palpável, e a letra transmite uma sensação de perda e desapontamento profundo. Martinho da Vila, conhecido por suas composições que frequentemente abordam temas de amor, cultura e sociedade, utiliza aqui uma linguagem poética e simbólica para expressar sentimentos universais de dedicação e frustração.