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exibições de letras 17

Enquanto ainda não é tarde
Quero viver que nem quem arde
Até que um raio enfim me parta
Sorver o vinho e o vinagre
Crer no delírio e no milagre
Ter a carcaça e a alma fartas

Enquanto não me encontra um tiro
Me perco e acho e, sim, deliro
Pois de outra forma não há vida
Eu quero o caro e a carícia
O fel, o mel e a malícia
E o duvidar de quem duvida

Mas sigo crendo e defraudando o medo
Que enquanto não é tarde ainda é cedo
E enquanto é cedo não há o que temer
E sigo sendo quem eu sou, por certo
Meio encoberto e meio livro aberto
Gastando a prazo a cota do prazer

Enquanto a terra não me traga
Vou ao encontro de uma adaga
Mas devagar porque divago
Em meio a um tiroteio e, cego
Os sete mares eu navego
E ainda peço o último trago

Enquanto o caos me acalenta
Vou brando e brindo à tormenta
Brincando com quem não me cobra
E enquanto eu penso nisso a Terra
Gira e regira e em si me encerra
No rodapé de sua obra

Mas sigo crendo e defraudando o medo
Que enquanto não é tarde ainda é cedo
E enquanto é cedo não há o que temer
E sigo sendo quem eu sou, por certo
Meio encoberto e meio livro aberto
Gastando a prazo a cota do prazer

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