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Imortalidade

Maurício Gringo

Letra

    Senhor! Senhor! Que os verbos luminosos
    Do amor, da perfeição, da liberdade
    Inflamem minhas vozes neste instante!
    Que o meu grito bem alto se levante
    Conduzindo a mensagem benfazeja
    Das esperanças para a Humanidade!
    Senhor! Senhor! Que paire sobre o mundo
    A luz do teu poder inigualável
    Que os lírios te saúdem perfumando
    Os arrebóis, as noites, as auroras

    Hinos de amor, que os pássaros te elevem
    Dos seus ninhos de plácida harmonia
    Que as fontes no seu doce murmúrio
    Te bendigam com terna suavidade
    Que todo o ser no mundo se descubra
    Perante a tua excelsa majestade
    Saturado do amor onipotente
    Que promana abundante do teu seio!
    Senhor! Que a minha voz altissonante
    Se propague entre os homens; que a verdade
    Resplandeça na terra da amargura!

    Ó Pai! Tu que removes o impossível
    Que transmudas em rosas os espinhos
    E que espancas a treva dos caminhos
    Com a luz que afirma a tua onipotência
    Permite que minh'alma seja ouvida
    Na vastidão do mundo do desterro
    Que os meus irmãos da Terra me recebam
    Como o ausente invisível, redivivo!

    Irmãos, eis-me de novo ao vosso lado!
    Venho de esferas lúcidas, radiosas
    Atravessei estradas tenebrosas
    E sendas deslumbrantes e estelíferas
    Empunhando o saltério da esperança

    Pude transpor abismos de ouro e rosas
    Sendas de sonho e báratros escuros
    Planetas como naus sem palinuros
    Nos oceanos do éter Infinito!

    Contemplei Vias-Lácteas assombrosas
    Visões de sóis eternos, confundidas
    Entre estrelas igníferas, distantes
    Vi astros portentosos, desferindo
    Harmonias de amor e claridades
    E humanidades entre humanidades
    Povoando o Universo esplendoroso

    Descansei sobre as ilhas de repouso
    Em lindos arquipélagos distantes
    Habitei os palácios encantados
    Em retiros de amor calmo e sereno
    Onde o solo é formado de ouro e neve
    Onde a treva e onde a noite são apenas
    Recordações de mundos obscuros!
    Onde as flores do afeto imperecível
    Não se emurchecem como sobre a Terra
    Lá, nesses orbes lúcidos, divinos
    O amor, somente o amor, nutre e dá vida

    Somente o amor é a vibração de tudo!
    Vi céus por sobre céus inumeráveis
    Mundos de dor e mundos de alegria
    Em luminosidades e harmonias
    Aos beijos arcangélicos da luz
    Que é mensagem de Deus por toda a parte!
    E apenas conheci um pormenor
    Um detalhe minúsculo, um fragmento
    Da Criação infinita e resplendente

    Ah! Morte!... A Morte é o anjo luminoso
    Da liberdade franca, jubilosa
    Quando a esperamos tristes e abatidos
    Quando nos traz imácula e sublime
    A chama da esperança dentro d'alma
    Amando-se da vida os bens mais nobres
    Se o mundo abafa em nós toda a alegria
    Roubando-nos afetos e consolos
    Martirizando o coração dorido
    Na cruz dos sofrimentos mais austeros

    A morte corrobora as nossas crenças
    As nossas esperanças mais profundas
    Rompendo o véu que encobre à nossa vista
    O eterno panorama do Universo
    E aponta-nos o céu, a imensidade
    Onde as almas ditosas se engrandecem
    Outras almas guiando em labirintos
    Para a luz, para a vida e para o amor!

    Que representa a Terra, ante a grandeza
    De tantos sóis e orbes luminosos?
    É somente uma estância pequenina
    Onde a dor e onde a lágrima divina
    Modelam almas para a perfeição

    É apenas um degrau na imensidade
    Onde se regenera no tormento
    Quem se afasta da Luz e da verdade
    Ela é somente o exílio temporário
    Onde se sofre a angústia da distância
    Dos que amamos com alma e com fervor

    Morte! Que te abençoem sofredores
    Que te bendiga o espírito abatido
    Já que és a terna mão libertadora
    Dos escravos da carne, dos escravos
    Das aflições, das dores, da tortura!
    Bendigo-te por tudo o que me deste
    Pela beleza da imortalidade
    Pela visão dos céus resplandecentes
    Pelos beijos dos seres bem-amados

    Senhor! Senhor! Que a minha voz se estenda
    Como um canto sublime de esperança
    Sobre a fronte de todos quantos sofrem
    Ansiando mais luz, mais liberdade
    No orbe da expiação e da impiedade!


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