Mulheres de Bengalas
Mauricio Pereira
Toc, toc, toc
Uma mulher de bengala
Passa depressa do meu lado
Ela tem a cintura dura
E joga a cabeça dum modo intrigante
Um modo, um modo talvez atraente
Toc, toc, toc
A tatoo que ela tem na nuca
É um golfinho
O farol abre e ela cruza
Bela Cintra
Entram no metrô e somem
Ela e o amigo
Toc, toc, toc
E alguém me pegou pelo braço
Na esquina da Augusta
Assusto
Ergo a cara pra ver
Um cara me diz assim: atravessa ela pra mim
Toc, toc, toc
De braço dado com uma mulher de bengala
Baixinha, cheirosa, tailleur, salto agulha
Até a Consolação
Penso em todos os buracos da calçada
E por um instante sou todo ouvidos
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