exibições de letras 3.363

Sangue, Suor e Lágrimas Parte 2 (part. Sarah Guedes, Kainná Tawá e Djonga)

Max Souza

Letra

    [Max Souza]
    Céu negro, lar de anjos e demônios
    Onde tudo inspira sonhos, ilusões, pesadelo, canções
    Nossa sinfonia é o gueto onde a poesia sangra
    Sangue, negro, drama
    Adapte o enredo
    Tira Chico Buarque, coloca Criolo
    Com um novo cálice na trama
    E canta como nossos pais
    Pois aqui a tristeza é senhora
    Desde que o samba é samba
    Então chora, quebrada
    Mas mostra teu sorriso
    Mesmo tendo mais do inferno aqui
    Do que paraíso
    Nosso diabo usa farda
    Mas no fim todos são vítimas
    Na frente ou atrás das armas
    É o nosso karma:
    Sangue, suor, lágrimas
    Secretamente entre a sombra e a alma
    O caos, a calma de um sorriso negro
    Presente na melancolia desse samba enredo

    [Sarah Guedes]
    Olha quantos corpos negros aí
    Estirados no chão
    Olha quantos sonhos negros aí
    Estirados no chão
    Olha quantos filhos negros aí
    Estirados no chão
    Olha quantos corpos negros aí
    Estirados no chão

    [Sarah Guedes]
    É mandinga mantida oração
    É carência de calo no pé
    É feitiço pra curar a dor
    17 anos pra benzer e se foi
    Pede bênção pra vó que é sinhá
    Desde berço sensível a ação
    Meu menino, Deus lhe proteja
    Ele desce o morro, despede e sorri
    Chinelo desce o beco
    (Pra benzer e se foi)
    Chinelo sobe o beco
    (Olha quantos corpos negros aí)
    Chinelo sobe o beco
    (Olha quantos filhos negros aí)
    Chinelo desce o beco
    (Meu menino, Deus lhe proteja)

    [Kainná Tawá]
    Peço em minhas orações que toda ação seja guiada
    Marcas deixadas, mãos bem calejadas, pegadas
    Ancestralidade, lutas tão duras, minha face pura
    Minha carne dura o tempo de sair na noite escura
    Tipo eclipse, nem viu, querendo apreciar a lua
    Julga, nem quer saber, mas quem tá parado na rua?
    Você!
    Tomam suas armas
    Sangue, suor menos lágrimas
    Na selva entre leões e vilões
    Acertamo as falhas
    Levanta que eu quero ver
    Os preto vencer
    Somos mais que choque, armas
    Fardas na calada, bala, somos alma
    Cê quer provar o que pra nós?
    Só vejo covardia
    Adrenalina fria em mães que arrepia
    Medo, ódio, manipulação, menos ação justificada
    Melodia que sara, o rap ainda salva
    Melancolia os versos não desamparam
    Disfarça a dor e põe amor no peito, não se cala
    Conseguimos chegar até aqui, não vão regredir
    Vamo insistir pra glória conseguir
    Posso sentir os sinais
    Somos a força de nossos ancestrais
    Aliás, estrelas no gueto brilham mais

    [Djonga]
    Pus minhas correntes, agora me sinto livre
    Me sinto um livro, carrego a história em mim
    Prestes a cruzar o Atlântico, dessa vez como capitão
    E eles não se adaptam
    E o rap volta a ser um grande quilombo
    Lugar pra Dandara, não pra Colombo
    Hei, me lembra uma roda de jongo
    Os boy tá alto, né?
    Vão ver o tamanho do tombo
    Um espetáculo
    Que nem o show de Billie Holliday
    E no mundo que eu criei minha lei
    É, apenas Tássias podem ser reis
    Ou rainhas
    Como Iemanjá, manja?
    Grandes como Gracie Jones, esbanja
    O ouro que nós esbanja
    É pra lembrar que cês não conseguiu tirar tudo da gente
    Trabalhamos de graça 400 anos
    Bitch better have my money
    Que chore sua mãe primeiro
    Cansei de ver chorar minha mãe, né?!
    Michele Obama pra esses Donald Trump
    Somos o trampo!
    Nos entregaram o carro estragado
    Vamo fazer pegar no tranco
    Viemo da Angola dançando kuduro
    Eles descem da Europa tudo bunda mole
    Não esperavam, Davis Viola no futuro
    Nos fizeram proletário, logo somos mais que prole
    Do seu humor negro, ou melhor, humor branco
    Laurin não riu
    Gargalharemos quando sobrar pouco Bolsonaro
    Pra muita Preta Gil
    É! No meu país até a bala come
    E tem criança que ainda não
    Falta de divisão, de visão
    Culpam inflação ou extração
    Grana pros gringo, deixa nós fudido
    Vivendo no fim do mundo que nem Elza
    Por isso merecemos prêmios, Whitney Houston
    Pedem socorro quando estamos próximos
    De longe, ouço: Mayday, Houston!
    Tamo pra escrever uma nova página (amém!)
    Carolina de Jesus vai se orgulhar
    Que o que era quarto de despejos
    Seja o quarto dos nossos desejos
    Que seja poço dos desejos pra nóis mergulhar
    Antes fingiam que não escutavam
    Agora vão fingir que ouviu só porque eu disse
    São meus manos, minhas minas, meus irmãos, minhas irmãs
    Ê, o mundo é nosso


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Max Souza e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção